Salvo erro,
hoje andei pela primeira vez de autocarro (municipal) em hora de ponta. E
observei coisas que, para outros serão normais, mas que para mim não são.
Coisas essas que vou enumerar aqui.
Comecemos,
portanto, pelo momento em que me encontrava ainda na paragem à espera do
autocarro. Oito da manhã, frio de certo modo intenso e eis que passa um gajo
com um ar que eu descrevo como “putinha”. Mas atenção que esta putinha não era
uma putinha qualquer. Era uma putinha rija. Toda a gente meio encasacada devido
ao frio e este menino com a seguinte indumentária: Ténis (normal), calcinha
justa à meia canela e uma camisola de alças. Ah pois é, se é para ser maricas é
para ser maricas à homem. Isso de usar casacos é para maricas sem o tão afamado
orgulho gay.
Passado
isto, chega o autocarro e lá vamos. Sento-me num dos quatro lugares conjuntos,
perto de uma rapariga e, gradualmente, ao fim de umas paragens acabei junto de
três senhoras de meia-idade. Mal se sentam, as três senhoras começam a
conversar sobre a vida umas das outras até que a conversa de uma se começa a
sobrepor com um assunto extremamente interessante: o filho que ficava a jogar
computador até tarde e que andava a pedir um cão.
“… é que já
eram dez da noite (acho eu, não percebi a hora que a senhora disse) e ele
agarrado ao computador a jogar e eu: ‘então Jorge Miguel? (nome inventado)’ –
está sempre agarrado àquela porcaria. E agora deu-lhe para querer um cão – ‘oh
mãe quero um cão, oh mãe quero um cão’ – mas nós não temos espaço para ter um
cão lá em casa…” e até aqui tudo, mais ou menos, bem… tirando o facto de o puto
estar atrás de mim a ouvir a conversa toda. Mas atenção que esta pérola melhora…
“… mas ele
em casa do padrinho não é assim, ele lá cumpre bem as regras, como tem lá o pai…
– e é neste momento que eu achei um pouco demais o nível de cusquice.
Virando-se agora para a senhora ao lado dela – é que sabe, eu estou separada…”
Por esta
altura eu só já via os lábios a mexer. Já não conseguia ouvir o que ela dizia
dado estar a ruminar o facto de aquela senhora ter contado tais factos sobre a
vida do filho (com ele lá ao lado) a uma completa desconhecida. “Mas olha que
lá porque a outra senhora não sabia que ela era divorciada não quer dizer que
não se conheciam” dirão os defensores dos fracos e oprimidos. É verdade, mas a
indiferença da ouvinte dirigido a tal detalhe foi tanta, que eu quase que
apostava o meu rim esquerdo em como elas não se conheciam.
E pronto, foi isto. Aposto que estavam à espera de mais. Eu também,
mas entretanto apercebi-me que não tinha visto assim tanta coisa caricata. Fica
para uma próxima. Na semana que vem vou ter de apanhar o mesmo autocarro e
provavelmente presenciarei novas cenas dignas de nota. Até lá, vão partilhando
os meus lindos textos para ver se passo dos 61 seguidores…