segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Imunidade Diplomática

Nunca eu pensei que a minha rica terrinha andasse tanto nas bocas do mundo. Claro que por maus motivos, mas isso não interessa.
Uma vez mais deveria ter escrito sobre isto mais cedo (visto que tive conhecimento do ocorrido no dia a seguir ao mesmo) mas como sou preguiçoso, não escrevi.
Para quem ainda não percebeu do que estou a falar, é do menino que levou uma remodelação facial involuntária por parte de dois outros meninos, dois anos mais velhos, que, por sua vez, são filhos do embaixador do Iraque em Portugal e, como tal, beneficiam de imunidade diplomática.
É tão reconfortante saber que um qualquer par de putos de 17 anos pode chegar ao pé de nós e malhar-nos de tal forma que ficamos em perigo de vida sem que nenhuma repercussão caia sobre eles.
E toda a gente tem pena do pobre coitado que foi espancado (e com razão. O ter pena, não o ser espancado), mas, na minha opinião, quem deve estar a sofrer mais com isto são os pais da vítima. Ora experimentem a imaginar-se na posição deles. Apetecer-vos esganar os cabrõezinhos que deixaram a vossa cria com cara de pintura do Pollock e nem sequer terem o prazer de os ver sofrer um bocadinho que seja. Porquê? Porque existe uma lei, que ninguém sabe porque é que foi inventada, que diz que se nasceres na família certa podes fazer o que quiseres sem quaisquer consequências. “Ah, mas isso não é bem assim porque ainda estão a averiguar o caso…” e entretanto as bestas podem por-se na alheta. E só se faz alguma coisa se o governo iraquiano ou a própria família do embaixador levantar a imunidade. Que obviamente o vão fazer.

*Dlim dlão*
- Olhe, os seus dois filhos acabaram de atropelar e espancar um outro miúdo, dois anos mais novo que eles, deixando-o em estado grave num hospital.
- Então e agora?
- Agora precisamos da sua autorização para os poder castigar.
- Da minha autorização?
- Sim, se o senhor ou o seu país não levantarem o direito à imunidade diplomática não podemos fazer nada.
- Hmm, então esperem aqui só um bocadinho.
*Porta fecha-se*
- *vozes altas dentro de casa*: Rapazes, entrem no carro, vamos voltar para o Iraque antes que isto dê mais merda!

Mas no fim disto tudo eu ainda acho que essa imunidade devia ser testada. Como? Mandar os gémeos para os pais e amigos da vítima e ver se a imunidade dá mesmo para tudo. Ah! E, já agora, gravar para o jovem hospitalizado mais tarde poder apreciar a festa.

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