Este texto
vem a propósito de um post feito por um escritor (bloguista) que eu admiro
bastante. Ele fez um texto que começava por representar a carta de um cão
abandonado que ainda não tinha percebido a sua situação. O mais certo é não
haver qualquer tipo de comentário cómico neste texto. Como de costume vou
deixar o link no fim do post.
Eu posso
quase concordar com tudo o que ele diz. Aliás, eu concordo com tudo o que ele
diz. Há apenas um “senão”. No texto publicado por ele há uma parte em que
parece que quem mata os seus “amigos” de estimação tem um leve perdão. Na minha
opinião não tem. Não há qualquer desculpa para quem adquire um animal de
estimação e o deixa/mata seja por que razão for (excetuando o bem-estar do
próprio animal). Se alguém aceita a responsabilidade de cuidar de um animal,
deve levá-la até ao fim. Não é porque quer passar férias “descansado” ou porque
não tinha dinheiro para levar o Pantufa ou o Farrusco que tem direito a
deixa-lo sozinho no meio do nada. E neste texto não me vou conter seja em que
aspeto for.
Certa vez,
houve alguém que me contou que havia um vizinho que pôs sandes no passeio com
um conteúdo suspeito que se veio a revelar veneno. Dessa mesma vez, um velho
amigo disse-me: “se o apanho a fazer isso, ou é ele ou sou eu. Não há hipótese.”
Faço minhas as palavras dele. Qualquer monte de merda que eu veja a abandonar
um cão ou um gato (ou qualquer outro animal de estimação, embora me pareça
pouco provável), seja por que razão for, terá de prestar justificações. Não só
a mim, mas a alguma autoridade com habilitações para tal. Se não temos
condições para cuidar de um amigo, entregamo-lo às entidades mais competentes possíveis.
Não o deixamos sozinho, no meio do desconhecido, para morrer. Não o abandonamos
ao deus dará para que tenha boa sorte. Não nos desapegamos dele assim tão
facilmente. Há quem coma metade de uma refeição para poder dar a outra metade a
um amigo de quatro patas. De certeza que, quem tem dinheiro para ir de férias,
tem dinheiro para alimentar um membro da família, mesmo que ele roa os sofás. Não
conseguem educar um animal para não estragar a mobília lá de casa ou para cagar
no quintal? Em primeiro lugar não deviam ter adquirido um. Em segundo lugar
encontrem alguém disposto a tratá-los bem, mesmo com os seus “maus
comportamentos”.
A sério que
não me consigo expressar no que toca a animais abandonados.
Atualmente
tenho uma cadela, um cão e dois gatos. A minha avó tem dois gatos, ambos por
minha causa. A minha cadela foi encontrada pelas ruas de Coimbra, sem qualquer
sinal de dono, e apegou-se imediatamente a mim. O meu cão (o mais antigo da
casa) foi encontrado na casa de uma colega da minha mãe, com tudo a que tinha
direito: alcofa, brinquedos, caderneta, etc.. Ainda assim, abandonado. Os gatos
foram ambos adotados para que não se pusesse sequer a hipótese de serem
abatidos por não terem donos. Os gatos que estão na minha avó foram adotados
porque não tinham progenitores vivos ou, pelo menos, por perto, e, como tal,
não tinham como se safar. É fácil tê-los e cuidar deles? Nem sempre. Vou falar
do exemplo mais fácil de mostrar o meu ponto de vista: a Fiora (minha cadela)
durante muito tempo estragou roupa, calçado, material de oficina e coisas
parecidas devido a falta de atenção ou coisa parecida (a minha mãe estava no
estrangeiro a trabalhar e eu estudo fora da zona). Qual foi a atitude tomada? Tentamos
educá-la, arranjámos-lhe brinquedos, tomamos medidas para não haver mais
estragos na casa, mas nunca, NUNCA houve sequer a hipótese de abandono. Não é
um brinquedo, não é um bocado de mobília que fica bem lá em casa. É um ser
vivo, um amigo, um membro da família que tem sentimentos e que nos ama mais do
que nós a eles, e disso não há qualquer dúvida. Ainda não houve um período de
férias desde que a Fiora pertence à família. Vai ser o primeiro este ano. As hipóteses
são: levá-la connosco nas férias, a minha avó vir cuidar dela a minha casa (como
fez enquanto nem eu nem a minha mãe estávamos presentes), alguém amigo cuidar
dela, levá-la para uma instituição própria para animais “em férias”.
Se, por acaso,
houver algum animal pelo caminho até ao destino de férias que aparente ser
abandonado, o mais certo é agarrarmos nele e tentarmos arranjar-lhe um novo
dono, que não o abandone por conveniência.
Não, não me
estou a fazer passar por boa pessoa, super herói ou o raio que vos parta.
Eles merecem o nosso amor e carinho mais do que muitos humanos. Eles confiam
mais em nós do que os nossos amigos e amam-nos mais que os nossos familiares.
Não os deixem a confiar até já não terem qualquer réstia de vida. Não os
submetam a sofrimento quando a única coisa que eles vos deram foi alegria.
Qualquer
filho da puta que não tenha, pelo menos, respeito pelos animais não merece
respeito da parte de outros seres humanos.
Eles gostam
de comer, de sair à rua, de brincar, de conviver com outros da sua espécie, de
mijar em todo o lado para marcar território. Mas, se há coisa que eles amam, é
estar ao pé de quem lhes permite fazer tudo isso. É serem amados por quem cuida
deles, por quem eles amam.
Se falta
alguma coisa neste texto, quase de certeza que está aqui (texto referido no
início do post). Caso achem que falta nos dois, é só acrescentarem nos
comentários…