Uma menina
indignada com a sua “não admissão” no ensino superior está a ser muito falada e
eu também quero fazer parte da festa.
ATENÇÃO:
Este texto vai ser escrito com base em porra nenhuma e sem qualquer tipo de
fundamento credível ou aceitável! Portanto, se houver coisas que não fazem
sentido ou que não coincidem com a realidade, é porque estou a fazer um bom
serviço!
Ora bem. A
primeira vez que vi a notícia da menina indignada, abri, olhei e pensei “isto é
bué texto, caga nisso” e voltei a fechar. Só que como já vi o assunto a ser
abordado, pelo menos, duas vezes nas redes sociais de forma humorística, decidi
soltar a velha coscuvilheira que há em mim e vir fazer um pouco de corte e
costura myself (“Porque é que
disseste isso em inglês?” epá, porque posso. Chatos).
Agora que já
li o texto da rapariga, já posso mandar um bitaite ou dois, embora nenhum com
sabedoria suficiente para ser levado em conta seja por quem for. Primeiro
bitaite: A gaja é rica e mimada quase de certeza. A maneira como ela fala da
vida, é porque não passou pelas normais adversidades que um comum plebeu passa.
“O que me
dói é ver o meu pai, que sempre se esforçou por me mostrar a sorte que tenho em
viver neste país, lindo, limpo, seguro, organizado, e me incentivou a agradecer
cada dia por tremenda bênção, questionar a sua justeza.” Desculpa? País limpo, seguro e organizado? E é novidade questionar-se a justeza deste país? Eu sei
que podia ter pior sorte. Estar a viver perdido no meio de uma guerra qualquer
sem saber se iria viver para ver os próximos 4 minutos. Mas calma lá. Deixa lá
ver por onde começar: a primeira acertaste. O país realmente é lindo.
Limpo.
Limpo. Limpo… Já alguma vez olhaste, por exemplo, para o rio Mondego? Cá me
cheira que não. Novamente, podia ser pior. Podíamos andar a lavar-nos nas águas
do Ganges (não sabem o que é? Eu sabia o que era e não sabia o nome. Façam como
eu e procurem). Mas lá porque há pior, não quer dizer que estejamos bem.
Continuando: seguro. A menina não é da Amadora, com certeza. Não estamos em
guerra nem fomos vítimas de atentados terroristas, mas essa carinha laroca não
iria passar impune pelos vigilantes dessa tão segura cidade.
Seguinte:
Organizado. O simples facto de termos o hábito de chegar sempre atrasados a
tudo mostra o quão organizados somos. “Mas nós não somos conhecidos por
chegarmos sempre atrasados!” Esta é aquela frase que eu tenho esperança que
nenhum leitor tenha o descaramento de pensar, porque se acontecer, das duas
uma: ou é dos imbecis que chega sempre atrasado e não vê mal nisso, ou vive no
mesmo mundo perfeito e cheio de arcos-íris que a menina da carta aberta.
E, por
fim, a menina parece, no mínimo, admirada com o facto de se questionar a
justeza deste país. A jovem tem televisão em casa? Tem visto as notícias que
têm passado sobre certos e determinados salários? E sabendo isso, sabe quanto é
o salário mínimo no nosso país? “Olha lá, mas ela está a queixar-se é em termos
de acesso ao ensino superior” Ok, têm razão. E a menina sabe a quantidade de
gente que quer, como a menina, seguir o seu sonho de ir estudar para ser médico
ou outra porcaria qualquer e os papás não têm dinheirinho para lhes sustentar
os estudos? Isso não é injusto? Isso não é pior do que não entrar em medicina
por uma questão de 3 décimas? É que as 3 décimas podem não estar lá para o ano,
mas a falta de dinheiro para pagar ensino superior aos filhos dificilmente vai
mudar.
Outra
questão que eu não percebi muito bem no texto da jovem foi ela queixar-se que
as médias são desumanamente altas. Se são altas, é porque houve gente à bruta a
conseguir atingi-las e superá-las. Podiam abrir mais vagas para mais gente
poder entrar? E quantas vagas teriam de abrir até chegar à média que tu
atingiste? Numa coisa concordo plenamente com a rapariga: Não é um exame de 2
horas que incide exclusivamente em conteúdos científicos que vai decidir se
o aluno é mais ou menos adequado para determinada área profissional. Um aluno não
prova que pode vir a ser melhor médico que outro através de trigonometria ou
probabilidades. Mas vá lá. Há tanta coisa errada neste país, a menina vai
reclamar porque não entrou no ensino superior? Reforço o que já disse: a menina
é mimada e parece-me que foi a primeira vez na vida que lhe disseram “não”. Ou
então sou só eu que estou com vontade de embirrar e a rapariga até já passou por
bastantes adversidades e esta foi só a maneira que ela arranjou de ultrapassar
mais uma. Mas lá está, este blog não tem qualquer objetivo produtivo. Se se
rirem um bocado, melhor, se não, é porque não têm sentido de humor e têm hálito
a cebola podre!