Ora pois que
estou agora em Leiria, na paragem de autocarros. Acabei de vir das Caldas da
Rainha e estou à espera do autocarro que seguirá para Coimbra, que é o meu
destino. Isto é apenas a introdução desinteressante à linda história de amor
que aí vem.
Vínhamos nós
muito confortavelmente no silêncio do autocarro quando o condutor quebra o
momento: “Oh Zé, agora posso deixar-te em casa”, diz o condutor amavelmente
para o passageiro que ia no lugar imediatamente atrás do seu. “Não vale a pena
Chico, eu apanho um táxi”, responde o segundo homem educadamente. “Pelo amor de
Deus, Zé, não me custa nada” insiste o condutor.
- A sério
que não vale a pena, eu apanho um táxi, a companhia paga.
- Estou a
falar a sério, esperas uns 10 minutinhos para eu limpar o vidro do autocarro e
eu levo-te a casa.
- Oh Chico,
tu nem moras para aquela zona. Deixa estar, eu apanho o táxi.
- Mas não me
custa nada!
- Não vale a
pena, Chico. A sério eu apanho o táxi.
- Mas olha
que eu estou a falar a sério, não é por 15 minutos de desvio que alguém morre.
- Não vale
mesmo a pena deixa estar.
- Mas eu
levo-te a casa!
- MAS EU NÃO
QUERO QUE TU ME LEVES A CASA!
- AI ISSO É
QUE QUERES!
- NÃO QUERO
NADA! – E nisto começam ao murro, um saca duma ponti-mola, o outro de uma de
9mm e a cena torna-se um mar de sangue e tripas.
Ok, estas
últimas quatro frases são mentira. Era só para efeitos dramáticos. Mas podem
apanhar a ideia.
Eu juro que
se a viagem durasse mais uns 10 minutos eles começavam a discutir por causa da
“boa educação”.
E pronto. Agora
vou continuar a minha espera pelo autocarro que só chega cá às onze da noite.
E vocês têm
que ir trabalhar. Não deviam estar a ler isto no emprego.
Estou a
gozar, ninguém lê este bolg de merda. Mais depressa iam lavar a loiça por
estarem entediados do que vinham ler isto.
Triste vida.