Foda-se!
Um verbo que
nos apoia nos momentos mais difíceis, permitindo-nos expelir parte da
frustração que nos preenche. Um verbo que nos acolhe quando estamos
desconsolados. Um verbo que partilha connosco as nossas maiores alegrias. Um
verbo que está sempre lá para nós. Um verbo que, de uma forma ou de outra,
tanto prazer nos dá. Um verbo, por nós, tantas vezes insultado.
Pois é, meus
amigos. Um verbo, cada vez mais, conjugado de forma escrita, ofendido pelos
labregos desta vida que, por coincidência ou não, são os que mais uso fazem do
mesmo. Passo a mostrar o que pretendo:
“Fodasse,
vai-te fuder!”
Esta frase
demonstra tudo o que há de mal no uso deste vernáculo, de forma escrita, nos dias
de hoje. Qualquer um dos dois é a conjugação de um verbo. O verbo “foder”. Este
verbo, como podem ver, termina em “ER”, o que significa que o mais parecido com
“fodasse” que existe é “fodesse” (como em “Rezei para que ele se fodesse à
grande”). Neste tempo, a terminação “asse” seria para verbos terminados em “AR”
– tais como julgar (julgasse), atacar (atacasse), atrofiar (atrofiasse), cagar
(cagasse), etc. – e não para quaisquer outros verbos regulares.
Passemos ao
segundo erro. Ora vamos pensar durante dois segundos: Já alguma vez
viram/ouviram alguém a dizer “fuda-se”? Não, pois não? Então porque é que “foder”
havia de ser escrito com “U”? Não faz grande sentido, pois não? Eu, pelo menos
acho que não.
Como podem
perceber, a frase escolhida não é dita por ninguém com um mínimo de capacidade
comunicativa. Qualquer doutor preferiria uma das expressões “Foda-se, vai p’ó
caralho” ou “Caralho, vai-te foder” em detrimento da enunciada “Foda-se, vai-te
foder” (aqui ortograficamente correta). “Foda-se, vai-te foder” demonstra uma
certa redundância de pensamento, característica essa, comum em pessoas de baixa
capacidade intelectual, pessoas essas que escreveriam “Fodasse, vai-te fuder”,
ou até mesmo “Fodasse, vaite fuder”.
A todos
aqueles que apreciam o quanto este verbo nos é querido, por favor agradeçam-lhe
todo o seu apoio. Não o escrevam mal. Escrever mal uma palavra que tanto nos
ajuda é como eu ir agradecer ao meu grande amigo Lopo pela ajuda que ele me deu
com a tese de fim de mestrado e ele me responder “o meu nome não é Lopo, é Dagoberto”.
Seria chato…