sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Animais em restaurantes


Fala-se em legalizar animais em restaurantes e sítios do género e já há pessoal ofendido, ou coisa que o valha – e digo “coisa que o valha” para não espetar já aqui com um vernáculo dos mais vincados logo a abrir a conversa – por causa disso. Isto é uma alegria.
Vamos lá disparatar. “Então e as pessoas com fobias? E se o animal defeca? E o cheiro do bicho? E se perturba os outros clientes?” Gente, não sejam tacanhas e limitadas, por favor. Vamos pensar um bocadinho antes de dizermos baboseiras, sim? Querem ver eu dar-vos um exemplo de seres que já provoca a maioria destas situações e vocês começarem já a odiar-me? Crianças. “Quem é que tem fobia de crianças?” EU! Odeio-as profundamente e quando vejo uma calada encaro-a sempre como uma bomba prestes a explodir em choro. “Mas as crianças não vão obrar no meio do restaurante!” Mas vão obrar na fraldinha que deixa um aroma incrivelmente perfumado no ar. Já para não falar em baba, ranho e fluidos corporais semelhantes. “As crianças não cheiram mal como os animas.” Amigos, nesse ramo nem precisamos de recorrer às crianças! Eu tenho amigos que, num dia de verão, cheiram pior que os meus três cães e dois gatos todos juntos em qualquer dia do ano! Em relação ao perturbar os outros clientes acho que nem preciso dizer nada, pois não? Se há coisa mais enervante que um cão a ladrar, é uma criança a chorar. E HÁ SEMPRE UMA CRIANÇA A CHORAR EM SÍTIOS PÚBLICOS! É na praia, é no restaurante, é na piscina, é no centro comercial, é no jardim, É EM TODO O LADO! E essas nunca foram proibidas de entrar em quase sítio nenhum. Pelo menos não pelo bem dos outros.
“Mas as crianças têm que andar com os pais.” Têm? Mas há lá coisa mais proporcionadora de rejubilo para um avô ou uma avó do que terem o privilégio de tomar conta daquele pocinho de baba e ranho tão cativante? Deixem os putos com os avós. “E quando os pais não têm ninguém com quem os deixar?” Ficam em casa a passar tempo de qualidade com os seus rebentos para mais tarde recordarem em família :) “E se os pais quiserem, em específico, sair com os filhos?” E se eu quiser, em específico, sair com a minha cadela? “E se o animal realmente fizer uma poia no meio do restaurante? E não venhas com a conversa das crianças porque é diferente uma poia na fralda de uma poia no chão.” Têm toda a razão! E se um pai levar uma criança de oito ou nove anos que se lembre de largar o seu tijolo também no meio da sala? “Isso já é falta de educação e tomam-se medidas!” Ora aí têm a resposta para a vossa questão anteriormente colocada. Satisfeitos? Não? Nem eu. Gostava de ser jeitoso e rico e só sou jeitoso.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Religião, Política e Futebol


Sabem qual é o grande feito da humanidade? A evolução. Sabem qual é o grande defeito das religiões? Não evoluem. Sabem qual é a coisa mais estúpida que existe na política? É encarada como uma religião. Sabem qual é a cena mais irritante no futebol? Passou de desporto a política. Sabem onde é que eu quero chegar com isto? Nem eu.
Este post vai, muito provavelmente, revelar-se uma miscelânea de revoltas e indignações pouco ou nada relacionadas, mas que, na minha cabeça, fazem sentido.

Pessoas religiosas que possivelmente leiam isto vão, quase de certeza, ficar ofendidas com o que vão ler. Mas é na boa, eu não me importo.
Na minha modesta opinião, a religião é uma cena parva pelo motivo que em cima referi. As religiões foram inventadas por homens de determinadas épocas e culturas que fortemente influenciaram a moldagem das ditas. Mas como o “sagrado” é algo inquestionável, nunca ninguém se atreve a atualizar grande coisa que envolva uma entidade divina. No que é que isso dá? O sexo continua a ser proibido fora do casamento, os gays continuam a ser censurados e, em casos mais extremos, um bombardeamento continua a ser a resposta adequada a uma piada sobre religião. Ok, nesta última talvez se tenham atualizado um pouco… dantes era a toque de espada na goela.
A evolução da humanidade veio do questionamento das coisas. Se não nos é permitido questionar a legitimidade das coisas porque é “sagrado”, não podemos perceber as falhas e, como tal, corrigi-las.
Outra grande alarvidade das religiões é a forma como afunila a visão dos seus membros. Cada pessoa tem uma religião e ai do primeiro que olhe para a religião do lado – assim tipo namorada ciumenta. Mas enquanto isto se resumir à religião o mal é menor. Parvoíce por parvoíce qualquer uma serve e enquanto não andarem a estoirar os miolos dos outros por causa das próprias convicções é na boa. O problema são aqueles que olham para a política como uma religião. Passo a explicar: ao contrário das religiões, os partidos políticos evoluem. Mas nem sempre evoluem para melhor. E aquelas pessoas que, como são daquele partido, se recusam a reconhecer que os ideais por este defendidos no momento se estão a tornar retorcidos e irracionais, são o grande problema e o cerne da questão. Um partido político não pode ser defendido incondicionalmente só porque inicialmente foi o que oferecia os ideais mais apelativos ou porque era o partido do papá.
Com esta conversa toda até parece que eu percebo muito de política e me dedico à degustação da mesma. Não percebo e odeio política com todo o meu ser. Mas é uma coisa que, quer queiramos quer não, tem uma “leve” influência nas nossas vidas.
E, tal como na política, também isto se revela no futebol! Aquela cena que ocupa praí 90% dos noticiários hoje em dia. Eu gosto muito de desporto. Mas, como já disse, odeio política. E futebol hoje em dia é mais política do que desporto. Todo o tempo de antena que é dado ao futebol é a falar de dinheiro para aqui, de subornos para ali, de ilegalidades acolá, etc.. E isso já enjoa um bocadinho. Mas, voltando ao que hoje em dia o futebol tem em comum com a política partidária, é o ser também visto como uma religião. O clubismo. O conceito de se venerar um clube como quem venera um deus está-nos tão enraizado na mioleira que se aparecer um gajo que diga que gosta de futebol, mas que não torce por nenhum clube em particular, nem conseguimos processar isso (ou que torça apenas pelo pequeno clube da sua terrinha que está na 3ª divisão. Mas torcer pelos nossos é natural). Fazendo comparação com o desporto que sigo, eu chego a ver combates de gajos que não conheço de lado nenhum… Mas não faz mal! Porque o que interessa é que eles partam a boca toda um ao outro e não é por não serem conhecidos que não são capazes de proporcionar um bom momento de entretenimento. Obviamente que ver dois lutadores conhecidos dá sempre mais pica, mas ainda assim não preciso de torcer por nenhum em particular. É possível assistir a um combate, apreciá-lo e não ficar particularmente contente ou triste por X praticante ter perdido ou ganho. Pode parecer estranho, mas juro que dá. E se no MMA é possível, aposto que no futebol também é. Não precisam de andar a atazanar o juízo uns dos outros de cada vez que o vosso clube ganha ou é injustiçado ou o raio que vos parta. Mais estranho ainda! Nem precisam de ter um clube!

Eu não sei de onde é que isto saiu, mas foi digno de leitura e apreciação, não foi? Claro que foi.