quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Uma viagem à volta do meu nome 2

Afonso Luís Inácio Bonito. Desta vez o objeto de observação é outro. Afonso. E esta é uma mensagem para todas as futuras mães para que pensem bem no nome que deverão dar às suas crias.
Apesar de gostar do nome Afonso, foi nome que de bom pouco me trouxe. Na escola chegava a ser frustrante.

Prof.: Vai ser um trabalho de grupos.
Turma: YEY
Prof.: Os grupos são por ordem alfabética.

E lá ficava eu com um grupo só de Anas… Que, numa turma de 25, chegavam a ser 53.
Depois, uma coisa muito gira, que eram os testes. Eram entregues por ordem alfabética. Tudo muito bem. Mas só os podíamos virar quando a turma toda tivesse teste, ou seja, era igual. No fim, eram recolhidos por ordem alfabética mas aí toda a gente cagava para o pousar a caneta para haver igualdade. E pronto, lá ficava o Afonso com menos tempo para acabar o teste do que os outros.
Mais tarde no ensino superior também era muito giro. Testes orais e avaliações práticas também era sempre eu que ficava nos cornos do touro. Claro que, se chegasse cá fora e não dissesse o que se tinha passado lá dentro, deixava de ser o Afonso e passava a ser o Filho da Puta (talvez assim passasse a ficar no meio da lista). E assim todos já sabiam mais ou menos ao que iam quando entravam. Todos menos o Afonso e os do grupo dele.
Claro que sempre pensei que isto na idade adulta tivesse os seus privilégios. E qual não é o meu espanto quando não há um único estabelecimento em que o atendimento seja feito por ordem alfabética! Nem um! Ou por ordem de chegada, ou o raio das grávidas e dos velhos! Mas isto é o quê? Anda um gajo uma vida académica inteira a ser o primeiro em tudo e mais alguma coisa para depois chegar ao mundo real e ter de esperar na fila como os outros?!


Claro que um gajo chamar-se Zacarias também não é nada bom. Já o pessoal se foi todo embora porque fez a oral e ainda lá está o desgraçado, farto de ouvir que perguntas se fazem lá dentro, à espera que seja a vez dele para também poder ir embora. Portanto, nem oito nem oitenta. É tudo uma questão de bom senso e equilíbrio. 

domingo, 22 de outubro de 2017

Gonorreia Jornalística...

Uma vez mais venho dizer mal. Pois é, já me deixei de textos bonitos.
Recentemente um jovem que ainda chegou a frequentar a mesma licenciatura que eu (não simultaneamente) foi esfaqueado pela namorada, morrendo pouco tempo depois. Um casal de jovens – ele 21, ela 19 – moravam juntos. O que primeiro soou foi que ele foi esfaqueado no pescoço enquanto dormia. Que após tudo isto a namorada acabou por chamar ajuda ao fim de algumas horas e que foi levada pela PJ. Até aqui mais ou menos tudo dentro do “normal”: Gaja maluca, rapaz a dormir, esfaqueamento, ele vai para o hospital, ela vai para a PJ. Entretanto, obviamente, começam a aparecer teorias e boatos. Também é normal. A seguir vem a parte que, não deixando de ser já hábito, continua a ser revoltante e nojenta: o CM dá a notícia…
Eu vou transcrever apenas dois parágrafos da notícia:
“Às 06h00 de terça-feira, a discussão acabou em tragédia. Luís Filipe terá desligado a água enquanto a namorada tomava banho para ir trabalhar. A jovem saiu à rua com uma faca de cozinha, decidida a vingar-se.
Queria furar os pneus do carro do namorado, mas enquanto se dirigia para o veículo, Luís Filipe tirou-lhe a toalha que ela tinha enrolada ao corpo desde que foi forçada a sair do banho. Ficou nua na rua, outra vez sob o olhar de vizinhos. Não conteve a raiva e deu-lhe uma facada, acertando no pescoço.”
E pronto, sem grande esforço, passámos de notícia a novela.
Eu não vou comentar seja o que for em relação ao que acho que seria justo acontecer daqui para a frente, visto que também não sei o que realmente aconteceu, mas até o poderia fazer visto que não sou uma plataforma de notícias nacional…
Vá lá, CM… isto só já é masturbação jornalística. Só vocês é que ficam contentes e deixam tudo sujo quando acabam. Controlem-se…


Aqui fica o link para a notícia para quem quiser ir chafurdar mais no esterco:

http://www.cmjornal.pt/portugal/detalhe/jovem-que-matou-namorado-proibida-de-se-deslocar-a-fafe

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Um Amor Platónico

Hoje vou arriscar numa coisa que pouco me lembro de ter feito até agora. De um modo geral, tudo o que escrevo é a reclamar, a dizer mal, a criticar, a queixar-me… Enfim, sou um chorão. Hoje vou tentar escrever sobre uma coisa pela qual sou completamente apaixonado e, como tal, a ideia não é dizer mal. Obviamente que o mais certo é acabar por criticar uma coisa ou outra, mas a ideia geral não é essa. Obvio é, também, que se, de um modo geral, a piada já é escassa no que eu escrevo, desta vez vai ser preciso muito boa vontade para a encontrar e reconhecer.
E que paixão é essa? Os que me conhecem melhor já devem estar a adivinhar, os outros também não vão ficar muito surpreendidos: Artes marciais. “Claro! Se não vem dizer mal, vem falar de dar porrada em pessoas!” Sim, é exatamente isso.

O meu gosto por artes marciais começou muito antes de eu me aperceber disso. Logo desde pequeno que os meus desenhos animados favoritos eram sempre os que tinham mais bofetada: Dragon Ball, ActionMan, Tartarugas Ninja, X-Men, Spider-Man, Pokemon, Batman, etc.. E esse gosto prolongou-se até muito tarde. Já os meus amigos andavam todos a discutir se o Jorge Jesus era bom treinador ou não, ainda eu andava a ver se o Capitão América tinha derrotado o Caveira Vermelha ou não. Ora bem, esse gosto por porrada ganhou forma quando entrei para o Karate, com 15/16 anos. Foi crescendo nesse ambiente até ir estudar para fora e experimentar coisas novas como Muay Thai, Krav Maga e MMA e solidificou-se de tal forma que ainda hoje, a maioria do pessoal da minha idade prefere discutir se o melhor do mundo é o Cristiano Ronaldo ou o Messi e para mim é o Conor McGregor antecedido por uma lenda de seu nome Anderson Silva (se não sabem quem são, vão procurar que só vos faz é bem, tirarem as palas do futebol e perceberem que existe mais qualquer coisinha aí por fora! Eu disse que ia acabar por criticar alguma coisa…).
Tal como já se percebeu, com o passar dos anos, esse gosto passou a paixão, e agora quero experimentar tudo o que consiga que envolva artes marciais. Sim, até mesmo aquelas que prometem defender golpes sem contacto. Para poder tentar dar um pontapé bem assente na cabeça de um instrutor e ver se ele defende ou não sem qualquer contacto.

Como todos sabemos, quem não está por dentro do mundo das artes marciais – seja como praticante, seja como espetador – tem, de um modo geral, uma ideia pouco positiva das mesmas.

“Isso é só violência!”
“A violência não resolve nada”
“Esses desportos de luta são uma estupidez. Às vezes até chegam a morrer de tanta porrada que levam!”
“Então e essas pessoas não são perigosas?”

Estes são alguns dos comentários que já ouvi por esse mundo fora, seja em relação a desportos de combate, seja em relação a artes marciais que não estejam tão ligadas à competição.
Ora bem, nenhuma destas afirmações tem razão de ser. Quem segue de perto desportos de combate e, por exemplo, futebol (visto que é o desporto Rei no nosso país) sabe que, de um modo geral, há muito mais respeito entre competidores no mundo do combate do que no mundo do futebol. Aí vemos que não “é só violência”.
Ninguém pode negar que existiram mortes em competições de combate, mas também ninguém pode negar que existem mortes em competições de tudo e mais alguma coisa. Os desportos de combate têm regras por alguma razão. Não é só porque é giro ter três gajos dentro do ringue: dois à bofetada e um a ver. As regras servem para proteger os competidores de danos desnecessários.
O estereótipo de que praticantes de Boxe, Muay Thai, MMA, Kickboxe, etc., são violentos e perigosos no dia-a-dia também é bastante comum. Mas pensem nessa teoria durante um bocadinho: Se vocês soubessem fazer o que eles sabem, iam andar por aí a distribuir porrada gratuitamente? Se sim, as bestas são vocês, se não, porque é que eles hão de ser diferentes? Só porque põem em prática aquilo que sabem fazer para ganhar dinheiro? Isso era a mesma coisa que o pessoal do tiro ao alvo andar aí pela rua a dar tiros à rapaziada toda que lhes aparecesse pela frente. Certamente que um individuo que tenha a infeliz ideia de tentar armar porrada com um pugilista ou com qualquer outro competidor de desportos de combate de contacto não vai acabar bem tratado, mas isso já é o karma a trabalhar.
“A violência não resolve nada” é uma frase frequentemente dita pelo povo. Na minha opinião resolve e muito. Aliás, nem precisa de ser efetivamente aplicada para resolver: Gente estúpida há por todo o lado e isso é irremediável. Mas se esses mesmos estúpidos souberem que há uma forte possibilidade de levarem uma estampilha bem assente no focinho se se excederem, controlam um pouco a sua estupidez. E um par de murros com força na cara de um assaltante também é capaz de resolver qualquer coisinha.

Como já quase todos ouviram falar em algum momento das suas vidas, as artes marciais têm diversos benefícios (isto falando a um nível recreativo e pessoal e não de alta competição). Como eu gosto muito de enumerar coisas, aqui vai mais uma lista:

Disciplina: A disciplina necessária para se dominar uma arte marcial é, de um modo geral, superior à da grande maioria das modalidades hoje praticadas. Se nos focarmos em artes marciais como o Karate, o Judo, o Krav Maga, o Kenpo, etc. ainda se nota mais essa disciplina. Absorver e aplicar todos os princípios e valores que essas artes marciais envolvem não é para qualquer um. Mas princípios esses sem os quais muito dificilmente se atinge um alto patamar de técnica e qualidade de execução. Respeitar superiores, semelhantes e menos graduados, saber ouvir e tomar atenção (se não o fizerem passam a ser a cobaia do mestre nos exercícios seguintes), ser humilde o suficiente para levar um lambadão no focinho sem guardar ressentimento, saber treinar a sério e com contacto mas também ser capaz de baixar o ritmo consoante a capacidade do parceiro de treino, etc.. Tudo isto acaba por ajudar na construção de seres humanos mais equilibrados. Obviamente que há sempre uma ovelha negra no rebanho, mas não há regra sem exceção.

Autoestima: A prática de artes marciais é muitas vezes apontada por ajudar no melhoramento da autoestima das pessoas (principalmente em adolescentes onde a falta desta é mais acentuada). É certo que o que é que leva a esse aumento de autoconfiança nunca é referido, mas que é frequente acontecer, é. E porque é que o motivo não é revelado? Eu vou falar por experiência própria: Comecei por notar que conseguia fazer coisas que, para mim, não eram nada de especial, mas que deixavam os outros admirados por eu as conseguir fazer. Com isso reparei que estava um pouco acima da média em relação a pessoas “normais” no que tocava a cenas de lutas. E isso começou a subir-me um pouco a autoestima. Resumindo, eu achava que, em caso de necessidade, conseguia ganhar numa luta com grande parte das pessoas que me rodeavam. Umas vezes tinha razão, noutras nem tanto…

Defesa pessoal: Este é, para mim, o fator mais importante das artes marciais. Afinal de conta é a origem de tudo. As artes marciais foram inventadas para que as pessoas se pudessem defender eficazmente. Não foi para competirem, não foi para se exibirem, foi para se defenderem. A possibilidade de conseguir defender-me de forma rápida e eficaz de um ou mais oponentes é das coisas que mais me fascinam e motivam na prática de artes marciais.  A que está no topo dessa mesma lista não é muito diferente. É a possibilidade de conseguir proteger alguém numa situação de necessidade. Um amigo, uma amiga, um familiar, o que for… Ver um destes referidos a ser ameaçado ou atacado e poder ir para lá e protegê-lo eficazmente é o que mais me move na prática de artes marciais. É certo que o mais parecido que tive com isso foi meter-me numa briga para proteger um amigo e acabar no chão a levar mais porrada do que o amigo (em minha defesa, houve muito álcool consumido nessa noite…), mas isso são pormenores.

Experiência: Não consegui denominar esta parte de melhor forma. O que é que eu quero dizer com “experiência”? Saber ver. Um erro muito comum cometido por pessoas que se metem em zaragatas hoje em dia é subestimarem o adversário. Se é pequeno, se é gordo, se é magro, etc.. Estando por dentro do mundo das artes marciais durante uns anos, começamos a reparar que há muitas surpresas. “Pequeninos” com uma potência de golpe absurda, gordos que dão pontapés mais rápidos e altos do que sequer achávamos possível para alguém daquela estatura, magrinhos com mais força do que aparentavam, etc.. Mas o mesmo vale no sentido inverso. Grandes bestas de ginásio com os músculos todos à mostra, mas que basta fazê-los falhar os dois primeiros murros para ficarem sem gás e, como tal, serem presas fáceis. Resumindo, não julgar pelas aparências.

Agora vou ficar por aqui que quando começo a falar de bofetada nunca mais me calo e já me alonguei mais que a conta. Talvez um dia escreva um livro sobre isto, quem sabe…

terça-feira, 10 de outubro de 2017

Olha aqui o meu menino!

E aquelas pessoas que gostam de mostrar fotos de outras pessoas – nomeadamente filhos, namorados, sobrinhos, netos, etc. – que, normalmente, são feias como a merda e nos obrigam a mentir descaradamente porque, se dissermos a nossa opinião sincera, somos bestas? Um bocado incómodo, não é?

Este comportamento ocorre maioritariamente com filhos bebés, como seria de calcular. E isso é bastante irritante! Eu sou crente no que toca a bebés bonitos… Nunca vi nenhum, mas acredito que os haja. Mas são raros! Muito raros! E como tal, é extremamente improvável que o vosso seja a agulha do palheiro. Por isso parem com essa merda! Neste grupo estão também incluídos os netos e os sobrinhos.

O que acontece quando me mostram crianças com poucos meses:

- Olha aqui o meu Leopoldo! É mesmo engraçado!
- *Sorriso forçado com leve exalação de ar pelo nariz*
- Não achas?
- É… *pegar numa característica qualquer proeminente da criança e referi-la. De seguida desviar rapidamente o olhar da foto com esperança que a pessoa pare com aquilo*


O que eu gostaria de ter coragem para fazer:

- Olha aqui o meu Leopoldo! É mesmo engraçado!
- Não estou bem a ver onde é que ter cara de radiador é engraçado, mas se tu o dizes…

E pronto, a conversa não avançava muito mais porque a pessoa ia deixar de me falar após cuspir toda uma enxurrada de insultos.


Outra categoria é a dos jovens adolescentes ou pré adultos “jeitosos”. Aqui quem prevalece são os/as tios/as babados/as. O que é perturbador… Porque, geralmente, estes tios estão a tentar fazer papel de casamenteiros.

Não vou aqui referir o que acontece quando me mostram fotos de uma “sobrinha jeitosa” porque é semelhante à reação que tenho com os bebés… Aliás, o sorriso forçado com o exalar pelo nariz é basicamente a minha reação para tudo o que envolve pessoas indesejadas a falarem para mim…
Passando à frente, situação utópica:

- Olha aqui a minha sobrinha. É muito jeitosa. Tem os rapazes todos atrás dela!
- Ai tem…?
- Tem! Mas aqui entre nós sabes quem é que ela gostava de conhecer?
- *Oh não…* quem?
- A ti!
- Coitada, além de feia tem má pontaria. Com tanto rapaz atrás dela tinha que querer conhecer um que preferia furar os olhos…

E uma vez mais as coisas não avançariam muito mais.
E agora vem a melhor de todas! Fotos de namorados! No meu caso, namoradas.
Estão a ver quando um gajo com cara de retroescavadora capotada vos começa a querer mostrar a namorada e vocês já sabem que vem aí merda porque o gajo nem sequer é rico? E ele começa com aquela conversa típica de homem da taberna?

- A minha princesa é linda. *mostra foto* Então? É uma rapariga saudável, não é?
- Espero que seja… Com uma cara dessas, se não tem saúde, mais vale meter já um garfo na tomada…

E aqui dava-se início a um belo espetáculo de pancadaria gratuita.
Mas há uma outra situação igualmente constrangedora! Que é quando a gaja realmente é bonita ou boa. Porquê? Porque depois vem sempre a piada barata:

- Olha aí a minha miúda. Boa, não é?
- Ya, bem bonita!
- Vá, mas não te estiques que é minha.
- Foda-se, se foi para essa merda para que é que ma mostraste? Foi só para mandares essa boca de macho inseguro no fim? Ou querias que eu dissesse que ela é feia? No que é que ficamos? Queres pavonear-te por teres uma gaja boa ou queres mantê-la guardada só para ti? Decide-te, jovem. As duas coisas não dá!


Voltando à situação da namorada feia, vamos lá tentar fazer-vos perceber uma coisa: Não há mal nenhum em namorar gajas feias. As desgraçadas também têm direito a ser amadas. Agora, “quem feio ama, bonito lhe parece”. E vocês têm de ter dois dedinhos de testa para perceberem que podem estar a namorar com abutres disfarçados de mulheres que só vocês é que acham atraentes. Para poupar os outros de mentirem descaradamente e para se pouparem a vocês de fazerem figuras de ursos, parem de tentar pavonear as vossas namoradas. Se é para mostrar quem é, mostrem a foto, digam “é esta” e não façam perguntas. Deixem a outra pessoa ter o direito de escolher se vos quer dar opinião ou não. (Como devem calcular, falo apenas nas namoradas porque nunca nenhuma gaja chegou ao pé de mim e disse “olha, este é o meu namorado. Todo grosso, não é?” e, como tal, não sei como seria se o fizessem…)

Ajudar não compensa...

Já alguma vez sentiram o diabo que há em vocês a transformar-se numa espécie de bebé chorão? Como assim? Eu explico. Na passada terça-feira dia 3, ia eu de carro a caminho do emprego (sim, eu trabalho…) quando, numa rua direita muito comprida, vejo alguém a esbardalhar-se à beira da estrada. Ainda longe, percebi que esse alguém levava alguma coisa na mão. Ora pois, sendo a besta que sou, a minha ordem de pensamento foi a seguinte: “eheh, deve ser um puto com uma bola na mão, não viu por onde ia e deu com os cornos no chão! É bem-feita que é para aprender a ver por onde anda!” Até aqui tudo normal. O problema começou no tempo que o “puto” estava a demorar a levantar-se. Algo não batia certo. Tal como já disse, a rua era comprida e, mesmo de carro, ainda demorei uns 7 ou 8 segundos a chegar ao locar do ocorrido – tempo mais que suficiente para um “puto” se levantar depois de uma queda. Foi aqui que os meus horrores apareceram. Não era um puto. Era uma velha. E aqui todo o meu sadismo desapareceu e deu lugar a pânico e preocupação. Quando lá cheguei a senhora ainda estava a tentar levantar-se. Parei o carro, abri a janela e – burro – perguntei duas vezes se precisava de ajuda, mas não obtive qualquer resposta. A pobre mulher estava mais preocupada em voltar a uma posição bípede do que a responder a um palhaço qualquer dentro do carro. Dada a falta de resposta, encostei o carro e fui tentar ajudar a senhora com a sua “bola” que afinal era um balde cheio de pão. Voltei a insistir se precisava de ajuda, mas, como qualquer velho que se preze, disse que não. Quando finalmente vi a cara da senhora senti-me num filme do Tarantino. Estava a deitar mais sangue da boca do que o Sweeney Todd deitou da garganta na cena final do filme.
Agarrei no balde de pão e ouvi as “justificações” da desgraçada:
- Ia a atravessar a estrada, vi um carro lá ao fundo (eu) e para não fazer esperar ninguém tropecei ali e caí! Mas eu vou para casa, é já ali.
- Mas precisa que a leve lá?
- Não, não. É já ali.
- Então deixe-me levar o balde.
- Não, deixe estar. Eu moro já ali.
- Mas eu levo o balde, escusa de estar a carregar este peso.
- OPÁ, NÃO! EU LEVO A MERDA DO BALDE!

Obviamente esta última frase é mentira. De facto, a senhora morava logo ali. (Entretanto, a caminho da casa da senhora, uma condutora pergunta-me do carro se eu já tinha chamado a ambulância, coisa que nunca mais me lembrei de fazer. Eu disse que não e pedi-lhe para o fazer. Ela, com uma cara de censura infernal, agarra no telemóvel e não sei se chamou a ambulância ou não que não fiquei lá para ver. Mais tarde voltaremos a este assunto)

- Está ali o meu marido, não precisa de se preocupar.
- Aquele senhor é o seu marido?
- É sim.
- Bom dia – dirigindo-me para o dito senhor – a sua mulher caiu e aleijou-se – meio a tentar que ele tomasse as rédeas do assunto.
- Atão como é que tu te arranjaste?! – dirigindo-se à esposa – Foi você que bateu? – dirigindo-se a mim.
- Não, não. Ninguém bateu. A senhora ia à beira da estrada e caiu.
- Ah mulher, andas sempre a olhar para aqui e para ali e nunca vês por onde andas! Vai-te lá limpar… – aqui eu fiquei sem saber o que fazer à vida. Eu todo contente a pensar que a senhora estava finalmente em boas mãos e o marido só não lhe bateu porque ela já tinha a cara feita num bolo.
De qualquer das formas fui dispensado pelos dois. De volta ao carro lá segui caminho para o trabalho.

Agora vem o processar dos acontecimentos na minha cabeça:
Quando o homem me perguntou se tinha sido eu a bater o meu cérebro nem sequer processou o que a pergunta realmente queria dizer. Ele estava a perguntar-me se tinha sido eu a atropelar a mulher. Depois desta epifania tive outra ainda pior. Ele pensava que eu tinha atropelado a mulher dele e mesmo assim estava a dar-lhe um raspanete à minha frente por se ter deixado atropelar… Eu fico parvo com o amor que algumas pessoas consegue segregar…
Voltando ao assunto da senhora condutora, também ela me deixou, a princípio, admirado com o ar de reprovação que me lançou. Afinal de contas eu tinha parado o carro para ajudar uma senhora que tinha caído, coisa que ela não fez. Limitou-se a ficar dentro do carro e perguntar-me se já tinha chamado a ambulância. Também aqui só depois é que me apercebi: Ela também deve ter ficado com a ideia que eu tinha atropelado a pobre mulher…


Moral da história: nunca ajudem ninguém que se tenha fodido por conta própria. É que depois os outros vão pensar que só estão a ajudar a pessoa porque foram vocês que a foderam.

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Carta de Borboleta

Muito boa tarde. O meu nome é Joel e sou uma borboleta. Não, não sou gay nem abichanado. Sou mesmo uma borboleta. Aí há uns tempos era uma lagarta – chamava-me Roberto, na altura – depois fiz um retiro espiritual e agora sou uma borboleta e chamo-me Joel.
Estou a escrever-vos esta carta porque estou muito indignado. Como todos sabem, nós borboletas somos extremamente graciosos a voar. Não é pretensiosismo, somos mesmo. E, novamente, como todos sabem, os gafanhotos não são. São destrambelhados, não veem por onde andam e vão contra tudo e contra todos. E isto é uma maçada! Ontem, ia eu para o emprego (sou contabilista) quando um desses anormais esbarra comigo vindo sabe-se lá de onde. Ainda fiquei com uma asa meio amachucada mas, felizmente, nada de grave. Mas podia ter sido bem pior! E no fim, aquele energúmeno, ainda tem o descaramento de me dizer que eu devia ter mais cuidado por onde voava! Não lhe fui à tromba porque havia gente à volta que me segurou… Caso contrário tinha havido ali sangue! Felizmente apareceu por lá o senhor Emílio – o pardal – que comeu o imbecil do gafanhoto de uma bicada só e acabou tudo em bem.
Como devem calcular, não vos escrevo apenas para contar o ocorrido. Tenho uma sugestão ou outra que quero apresentar e sobre as quais agradecia que ponderassem.
Na minha modesta opinião penso que deveria ser obrigatório os gafanhotos usarem mordaças nas pernas traseiras. Seja como for eles não têm controlo nenhum naquilo e, se é para andarem aos tombos, mais vale levantarem voo devagarinho do que serem disparados rua fora contra sabe-se lá quem ou o quê. Já para não falar daqueles espigões horrendos e perigosíssimos que ostentam nas mesmas. Ainda arrancam um olho a alguém com aquelas coisas. Isto seriam medidas temporárias, obviamente. Quando, eventualmente, se descobrisse maneira de os alterar geneticamente para nascerem sem aqueles propulsores assassinos seria uma medida muito mais eficaz. Isto porque eu sou contra a violência e penso que arrancar-lhes as patas era já um bocadinho exagerado.
Agora que me lembro, tenho outra situação que reforça o meu ponto de vista. Não há muito tempo, o meu cunhado Orlando, o marco, foi vítima da mesma afronta. Claro que para ele não foi tão drástico como comigo – afinal de contas ele é um marco. Vocês sabem… daqueles dos correios – mas ainda assim ficou com um risco na pintura vermelha por causa dum desses inconscientes dos gafanhotos.
Caso, por algum motivo que me escape, não concordarem com a opção por mim acima apresentada, proponho que seja obrigatório para os mesmos tirarem a carta de pesados. Afinal de contas se conseguirem guiar um camião com não sei quantas toneladas, também devem conseguir controlar aqueles pés espantadiços.
Afinal de contas vivemos numa sociedade avançada. Não podemos ter por aí gafanhotos descontrolados aos saltos…

Apresentadas as minhas ideias, despeço-me então. Agradeço que ponderem ponderadamente nas minhas propostas e que não deixem este tema ser levado de ânimo leve. Afinal de contas, é um assunto recorrente, que apoquenta muita gente e que merece atenção imediata e especializada.

Agradeço que mostrem prontidão e profissionalismo.


Os mais cordiais cumprimentos.

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Foda-se!

Foda-se!
Um verbo que nos apoia nos momentos mais difíceis, permitindo-nos expelir parte da frustração que nos preenche. Um verbo que nos acolhe quando estamos desconsolados. Um verbo que partilha connosco as nossas maiores alegrias. Um verbo que está sempre lá para nós. Um verbo que, de uma forma ou de outra, tanto prazer nos dá. Um verbo, por nós, tantas vezes insultado.
Pois é, meus amigos. Um verbo, cada vez mais, conjugado de forma escrita, ofendido pelos labregos desta vida que, por coincidência ou não, são os que mais uso fazem do mesmo. Passo a mostrar o que pretendo:

“Fodasse, vai-te fuder!”

Esta frase demonstra tudo o que há de mal no uso deste vernáculo, de forma escrita, nos dias de hoje. Qualquer um dos dois é a conjugação de um verbo. O verbo “foder”. Este verbo, como podem ver, termina em “ER”, o que significa que o mais parecido com “fodasse” que existe é “fodesse” (como em “Rezei para que ele se fodesse à grande”). Neste tempo, a terminação “asse” seria para verbos terminados em “AR” – tais como julgar (julgasse), atacar (atacasse), atrofiar (atrofiasse), cagar (cagasse), etc. – e não para quaisquer outros verbos regulares.
Passemos ao segundo erro. Ora vamos pensar durante dois segundos: Já alguma vez viram/ouviram alguém a dizer “fuda-se”? Não, pois não? Então porque é que “foder” havia de ser escrito com “U”? Não faz grande sentido, pois não? Eu, pelo menos acho que não.

Como podem perceber, a frase escolhida não é dita por ninguém com um mínimo de capacidade comunicativa. Qualquer doutor preferiria uma das expressões “Foda-se, vai p’ó caralho” ou “Caralho, vai-te foder” em detrimento da enunciada “Foda-se, vai-te foder” (aqui ortograficamente correta). “Foda-se, vai-te foder” demonstra uma certa redundância de pensamento, característica essa, comum em pessoas de baixa capacidade intelectual, pessoas essas que escreveriam “Fodasse, vai-te fuder”, ou até mesmo “Fodasse, vaite fuder”.

A todos aqueles que apreciam o quanto este verbo nos é querido, por favor agradeçam-lhe todo o seu apoio. Não o escrevam mal. Escrever mal uma palavra que tanto nos ajuda é como eu ir agradecer ao meu grande amigo Lopo pela ajuda que ele me deu com a tese de fim de mestrado e ele me responder “o meu nome não é Lopo, é Dagoberto”.

Seria chato…

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Se és religioso, desculpa...

A religião é uma farsolice! Já pensaram bem?
Para bem deste texto vamos todos assumir que Deus realmente existe e que as religiões estão corretas. Todas elas. Vamos explorar este assunto sem ter em conta quaisquer contradições entre religiões e crenças.
Imaginem um gajo extremamente bondoso, amigo dos outros, simpático, filantropo – mesmo que não tenha muito para dar – honesto, humilde, e todos esses clichés. Qualquer pessoa avaliaria isto como alguém digno e merecedor de ir para o céu/paraíso/seja onde for de bom. MAS! Esse gajo pinou com uma gaja e não eram casados… Inferno com ele. Ambos consentiram o ato, ele nem sequer era comprometido com outra mulher nem ela com outro homem, ambos tiveram imenso prazer no que fizeram, não prejudicaram nem magoaram ninguém. Mas como não assinaram contrato, vão os dois para o inferno que é para não serem espertos. Vão para o inferno, ou são destruídos, ou têm qualquer outro destino não muito agradável aos olhos de alguém que goste de viver. “Ah, mas isso foram leis impostas para proteger os humanos de doenças sexualmente transmissíveis!” Meus amigos, os preservativos fazem essa merda há anos e não mandam ninguém para uma fornalha ardente para o resto da eternidade!

Mateus 5:28 diz qualquer coisa como: se olhares para uma gaja que não seja a tua e ficares de pau feito porque te armaste em porco e te puseste a imaginar coisas que não devias com a senhora, já estás a praticar adultério no teu coração!
O que é que isto quer dizer? Que se bateres uma a pensar numa gaja que não seja a tua (NO PAPEL! NÃO É CÁ ESSAS MODERNICES DOS NAMOROS) já estás a pecar…
Mas isto é para quê? “Ah, é indecente pensar numa mulher nesses termos…” Indecente? Indecente é andar a cuscar onde é que um gajo mete a pila ou deixa de meter e em quem é que pensa quando se masturba! Isso é que é indecente! (Quem diz um gajo, diz uma gaja…)

- NÃO TE DEVES MASTURBAAAAAAR!!!! *voz trovejante*
- Mas porquê?
- PORQUE SENÃO MOOOOOORRES!!!
- Morro? Mas morro porquê?
- PORQUE EU TE MAAAAAATOO!!!

Mas que raio de lógica é esta?
Já para não falar no tremendo machismo que esta passagem apresenta. Então e as senhoras? Já podem cobiçar homem alheio? Já não vão para o inferno por causa disso? Ou senhora nem olhar para homem alheio pode? Qual é aqui a situação?

“Ah, e tal, os homossexuais vão todos ser destruídos, e o catano…”
Mas qual é a questão? Por meterem a pila dentro uns dos outros? Quem é que quer saber dessa merda? Eles estão a magoar alguém? Quanto muito magoam-se uns aos outros no rabo, mas isso também os casais heterossexuais fazem…
“Isso é anti natura!” Também um carro à prova de bala chamado papamobile é anti natura e ninguém diz que o papa vai para o inferno por causa dessa merda… A homossexualidade são só os anticorpos do planeta Terra a fazer com que nós paremos de nos reproduzir porque somos uns parasitas que aqui andam.

“SE NÃO ME AMARES E ADORARES EXCLUSIVAMENTE DESTRUO-TE/PEGO-TE FOGO!” quer dizer, se for eu a dizer isto a uma gaja, sou possessivo, ciumento, doentio e ainda me acusam de ameaça à integridade física dela ou qualquer coisa assim parecida, como é Deus a dizer, bora lá adorá-lo que é um Deus bondoso e misericordioso… Misericordioso sou eu, que tenho um cabrão dum gato que me acorda com beijos na boca e não enfio com ele no forno aceso acusado de zoofilia inversa!

E os meninos que mandaram os aviõezinhos contra as torres gémeas? E os que estouraram com o Charlie Hebdo?

Deus: Estás a ver aqueles filhos da puta todos?
Terrorista: Sim, o que é que têm?
D: Arrebenta com aquela merda toda e eu deixo-te ir para o paraíso com 7 virgens só para ti!
T: 7 virgens? Tu já alguma vez desvirginaste uma gaja? Aquela merda do espirito santo é treta! Estou a falar de seres tu a fazê-lo, sem ajuda de ninguém. Já? Sabes a trabalheira que é desvirginar só uma? Não deves saber, para me estares a querer dar 7! Vai lá tu marrar com os cornos para eles morrerem que eu tenho uma vida santa aqui na terra!
D: Se não fores vais para o inferno com 7 africanos pixudos e fazes tu de virgem…
T: Então e achas que dá para rebentar com as duas torres com o mesmo avião ou é preciso um para cada?


Como devem perceber há aqui mistura de crenças e fés. Mas para bem do humor vamos só apreciar o quanto eu não vou ser morto por algum crente pelo simples facto de não ter visibilidade suficiente para isso e ignorar o resto.

domingo, 3 de setembro de 2017

Criança até morrer!

No meu tempo de criança as brincadeiras eram muito à base de jogar à bola, à apanhada, ao lenço, à pata choca, etc.. Lá havia um puto ou outro no recreio com um Gameboy, mas pouco mais. Era tudo muito à base de atividade física. “Lá vem outro com a conversa de que os anos 90 é que eram bons e que agora os putos só brincam com tecnologias…” Enganam-se! Desta vez a questão é outra.
Para quem não sabe, eu segui carreira no desporto (licenciado, não sou desses abençoados com pezinhos/mãozinhas de ouro que ganham milhões…) e é disso que quero fazer vida. E o que é que uma coisa tem a ver com a outra? Eu explico: Estão a ver a parte da vida duma criança em que ela deixa de querer jogar à apanhada e passa a querer memorizar as particularidades electocardiográficas, interespecíficas, contidas naquilo que apenas consigo descrever como "quadros" mnemonicofóbicos, cuja capacidade de repulsão cerebral é apenas equiparável à repulsividade hídrica encontrada nos ácidos gordos de membranas fosfolipídicas? Estão? Pronto, passou-me um bocado ao lado. Quem diz memorizar as particularidades electocardiográficas, interespecíficas, contidas em "quadros" mnemonicofóbicos, cuja capacidade de repulsão cerebral é apenas equiparável à repulsividade hídrica encontrada nos ácidos gordos de membranas fosfolipídicas, diz querer sintetizar sequências de ADN para construírem vetores, modificando genes in vivo e in vitro, manipulando expressão genética e assim alcançarem a criação de organismos geneticamente modificados ou, até mesmo, verificar se um erro-vício, que é uma representação deficiente acerca de uma qualidade do objeto do negócio jurídico, foi induzido intencionalmente, e portanto estamos perante dois vícios da vontade que são o erro e o dolo, sendo que o erro releva como causa de anulabilidade se for essencial e próprio e se, tratando-se de um erro sobre o objeto, o destinatário da declaração conhecer a essencialidade do elemento sobre que incidiu o erro; e que o dolo releva como causa de anulabilidade da declaração se for essencial, no qual se não houvesse vício nunca se teria emitido a declaração de vontade, e malus/ilícito.

(- Epá, este gajo até é inteligente e culto! – Pensam vocês.
- Não, minha gente… quem tem internet tem tudo.
- Mas soubeste pesquisar e conseguiste encontrar conteúdo adequado e bem fundamentado para sustentares o teu texto!
- Errado outra vez. Usei a net para pedir ajudar a pessoas mais qualificadas que eu em cada uma das áreas referidas…
- Então és só um burro com amigos…
- Sim…

Continuando…)

Onde é que eu quero chegar com tudo isto? Ao seguinte facto: ainda hoje, se me perguntarem se prefiro praticar alguma atividade de cariz intelectual ou jogar à apanhada, eu continuo a preferir jogar à apanhada. Mas sem qualquer tipo de ponderação prévia. É direto!
É que um puto querer ir para engenheiro informático porque quer fazer jogos de computador, ainda se percebe… (é claro que a maioria desiste quando começa a ver as linhas de código a sugarem-lhes a vitalidade pelos olhos e acaba por se dedicar antes às linhas de coca) jogar computador/consola é fixe, logo fazer jogos também deve ser! Mesmo que se tenha que vender a alma ao Diabo para conseguir concluir uma licenciatura que dê acesso e conhecimento para tal profissão.
Agora, licenciaturas como Administração Público-Privada, Biologia Celular e Molecular, Engenharia de Micro e Nanotecnologias, Engenharia de Polímeros, Engenharia Mecatrónica ou qualquer outra merda que tenha “engenharia” no nome, dão-me ansias de preguiça e convulsões de procrastinação! (Esta última engenharia parece fundada para criar e sustentar uma nova raça de Transformers! Mecatrónica… porra!).

Dada toda esta vontade de jogar à apanhada, fui para Desporto e Lazer – que foi o mais perto disso que encontrei – e lá joguei à apanhada com as notas durante 3 anos: Elas fugiam e eu corria atrás delas meio a cambalear e de vez em quando a tropeçar e a dar com os cornos num exame por ter chumbado à cadeira por frequência. Foram 3 anos bem passados…



Mas agora a sério, a apanhada é um jogo muito menosprezado…

quarta-feira, 26 de julho de 2017

A criação da Fauna!

O que vos passo a apresentar é algo que não é original. Foi baseado numa imagem que vi na internet, achei piada e decidi adaptar à minha maneira. Ora vamos lá ver o que daqui sai.

Quando Deus fez alguns animais só podia estar a querer avacalhar com a vida…:

GIRAFA
Deus: Agarra num cavalo, pinta-o de amarelo e mete-lhe uma espécie de antenas…
Anjo: Antenas?
Deus: E estica-lhe o pescoço até não dar mais…
Anjo: Mas porq…
Deus: Até não dar mais!

CENTOPEIA
D: Quantas patas já conseguimos pôr num animal só?
A: Oito, na aranha…
D: Vamos aumentar isso.
A: Dez?
D: Mais de cem.
A:…

GALO
D: Faz um que goste de gritar às seis da manhã.
A: Isso vai acordar toda a gente
D: E também pode gritar às 5 da manhã, de vez em quando.

CÃO
D: Leal, amoroso, inteligente, sentidos extremamente apurados…
A: Este parece-me uma boa aposta.
D: Quanto mais pequenos, mais refilões e mal-humorados.
A: Tinhas que estragar tudo.
D: E morrem se comerem chocolate
A: …

MOSQUITO
D: Estás a ver todas as doenças contagiosas que existem?
A: Vem aí merda…
D: Este menino vai transportá-las de uns continentes paras os outros!
A: Eu sabia.

COBRAS
D: Quero uma peúga zangada!
A: Jesus, andaste a transformar a água do teu pai em vinho outra vez?!
(Aqui tenho que admitir que a fala de Deus foi completamente copiada do post original, mas estava tão boa que não tive coragem de a alterar. E além disso, se o Tony Carreira pode, eu também posso…)

ESCORPIÕES
D: Estou sem imaginação…
A: Queres ajuda?
D: Ya.
A: Porque é que não experimentas fa…
D: Liga ao Diabo.
A: O quê?!
D: Liga ao Diabo, vou pedir-lhe ajuda.
A: Oh não…

AVESTRUZ
D: Faz um pássaro grande!
A: Quão grande?
D: Mais de 100kg!
A: Uau! Isso vai ser majestoso! A pairar no meio das nuv…
D: E que não consiga voar!
A: Mas que raio…?!
D: E com o cérebro mais pequeno que os próprios olhos!
A: Oh vá lá!

ESTRELAS -DO-MAR
D: Quero um bicho que seja literalmente só 5 pernas!
A: Mas que porra…? E como é que se reproduz?!
D: Cai-lhe uma das pernas e nasce um novo a partir dessa perna!
A: Oh puta que pariu… e onde é que lhe ponho a cara?
D: Mas eu falei alguma língua que não conheças? Só pernas!
A: Ao menos este não pode ter o cérebro mais pequeno que os olhos, visto que não tem olhos…
D: Nem cérebro!

ELEFANTE
D: Um animal de grande porte, inteligente e com excelente memória.
A: Uau, uma boa ideia! Como é que a vais estragar? Vais pôr-lhe uma pila na cara?
D: Excelente ideia!
A: Foda-se…

PEIXE BALÃO
D: Estás a ver um peixe normal?
A: Sim…
D: E estás a ver um balão?
A: Ainda não foram inventados, mas sim, onde é que queres chegar?
D: PEIXE-BALÃO!
A: Eu devia receber um aumento…

MINHOCAS
D: Imagina um intestino delgado.
A: Oh não…
D: Todo esticado.
A: Por favor…
D: Com uma gola fashion perto de uma das pontas.
A: Pára…
D: em miniatura.
A: Podia ser pior…

MOSCAS
D: Quero um animal que tenha especial gosto por pousar em dois sítios.
A: Em dois sítios? Mas em dois sítios específicos?
D: Sim.
A: Tipo fruta e um ser vivo maior?
D: Sim.
A: Até nem é má ide…
D: Fruta podre e humanos, mais especificamente. Ah! E fezes. Também gosta de pousar em fezes. Especialmente fezes.
A: Esqueçam o aumento. Despeço-me…

(E aqui está o link para o post original)

quarta-feira, 19 de julho de 2017

A incapacidade mental da adolescência II

Hoje vou contar-vos a história de quando fui atirar ovos à casa das vizinhas… Eu disse que podia ser pior…
Neste episódio podemos contar com a participação dos três cromos da última aventura juntamente com outros quatro mentalmente incapacitados adolescentes. Para facilitar e, ao mesmo tempo, manter uma certa privacidade, irei identificar cada um dos participantes pela inicial dos seus respetivos nomes.
Tarde de sol, seis jovens passeiam calmamente pelas ruas de Ponte de Sor – quatro rapazes e duas raparigas – até que um deles se lembra de começar a correr, saltar, agarrar-se a um poste de sinalização e rodar nele como se de uma stripper profissional se tratasse (obviamente estou a satirizar, a ideia era parecer o Rey Mysterio, da WWE). Como imediatamente pudemos constatar, o poste não se encontrava nas melhores condições e partiu-se. Querem tentar adivinhar quem foi este artista? Não é difícil… foi o mesmo que tocou à campainha e fugiu, desencadeando todo o episódio anterior. Um cidadão civilizado, portanto. Podemos chamar-lhe R.
Poste partido nas mãos do R, ficámos todos a olhar uns para os outros com cara de “então e agora?”. Merda feita, não havia muito que pudéssemos fazer para remediar. Ele pousou o poste no muro mais próximo e seguimos para minha casa. Até aqui nada de extraordinário. Feito o que íamos fazer a minha casa – não perguntem o quê que não me lembro – voltámos pelo mesmo caminho que tínhamos levado até à mesma. Qual não é o nosso espanto quando, ao passarmos perto da casa à qual o poste tinha ficado encostado ouvimos algo como “Vocês os quatro! Venham cá!”. Olhámos para trás e vimos um homem e, se não me engano, três mulheres a saírem da respetiva casa, sendo o homem o porta-voz. Lá nos aproximámos deles para ver o que queriam.
- Foram vocês que partiram este poste? – Não tendo sido eu o autor da obra mantive-me calado. Não sou chibo. Ficámos algum tempo a olhar uns para os outros até que o autor da obra de arte lá se acusou.
- Sim, fui eu.
- E porque é que o partiste?
- Oh, foi sem querer. Ia a salt…
- É, foi sem querer… eu sei bem o “sem querer” que foi. Também já tive a tua idade! A minha mãe – diz apontando para uma senhora com cara de coruja gorda, velha e rabugenta – viu da janela e viu bem que não foi sem querer! Brincadeiras parvas.
- Pois…
- Vá, vão lá mas que isto não se volte a repetir!
E lá fomos, todos acabrunhados dado o sermão que tínhamos acabado de levar. Claro que aquilo não ficou arrumado por ali. Fomos acabrunhados mas revoltados. Como putos que éramos não tivemos a ousadia de responder e tudo o que havia para dizer em nossa defesa ficou cativo apenas entre nós.
Agora passo a explicar tudo o que nos revoltou: Em primeiro lugar, a cobardia da velha coruja. Se tinha visto tudo a acontecer podia ter dito logo alguma coisa em vez de ir chamar o filho. Éramos putos e ela estava protegida pela própria casa. Não havia nada que pudéssemos fazer para retaliar. Em segundo lugar a comitiva toda que foi preciso para irem dar um raspanete a um bando de putos: a velha coruja, a irmã não tão velha mas também coruja, o filho e aquilo que penso ser a mulher do filho. A família toda para dizer a um puto tonto que ele não devia ter partido o poste… Como se isso fosse uma grande novidade.
Em terceiro a descriminação feita. Éramos um grupo de seis. Fomos chamados quatro. Porquê? Os restantes elementos do grupo eram raparigas… Se tinham visto o que tinha acontecido sabiam exatamente quem tinha sido o autor, ou seja, todo o teatro do “foram vocês que fizeram isso?” foi irritantemente direcionado apenas para os rapazes. Se queriam dar um raspanete a um grupo de adolescentes parvos e imaturos, davam a todos e não apenas aos rapazes. Quarto, a velha coruja viu e com certeza deve ter reparado que a intenção não era partir o poste. Bastava olhar para as nossas reações assim que o poste se partiu para perceber que sabíamos ter feito merda. Mas claro, é sempre mais giro optar pelo raspanete agressivo do que tentar perceber o que realmente aconteceu e tomar medidas adequadas consoante os factos.
E foi perante estes quatro fatores que as nossas cabeças adolescentes decidiram elaborar um plano de vingança. Não foi grande plano nem envolvia um grau muito elevado de intelecto, mas para nós serviu. Eu, o R e o J, sendo os mais vingativos, decidimos na noite de Halloween ir atirar ovos à respetiva casa. Para facilitar as coisas, um quarto – o M – ofereceu-se para providenciar os ovos, visto que o pai tinha galinhas e conseguia ovos à borla. Por motivos que não me recordo, o J acabou por não poder ir, ficando assim a missão entregue a mim, ao R e o M. E lá fomos. Um ovo em cada mão, passámos na casa, seis jardas espalhadas pela parede e pelas janelas e desatámos a correr e a rir, todos contentes com a proeza que tínhamos feito.
Eu não costumo ser rancoroso, mas isso se se tratar de alguém que eu goste e com quem lide diariamente. Este não era o caso e ter atirado ovos naquela noite não me chegou. Nem a mim nem aos meus dois companheiros de jornada. Onde é que eu quero chegar com isto? No ano a seguir repetimos a brincadeira. Também foi engraçado, também nos rimos muito, foi uma noite bem passada… Quer dizer, foi uma noite bem passada até eu estar já em casa e me tocarem à campainha. A partir daí deixou de ser bem passada.
Toca a campainha, e vai o meu pai ver quem é. Espreita pelo olho da porta e vê uma senhora com uma menina vestida a rigor para o dia em questão. Não querendo ter de dar doces (até porque não os tinha) agarrou na minha cadela – daquelas mansarronas que não fazia mal a ninguém mesmo que a provocassem, mas que era grande e que, para quem não a conhecesse, impunha algum respeito – e vai abrir a porta para tentar afugentar as potenciais pedintes de doces. Querem tentar adivinhar? Elas não iam pedir doces. Querem tentar adivinhar quem eram e o que iam fazer? Era a coruja menos velha e uma neta ou sobrinha neta ou uma porra qualquer, e iam fazer queixinhas. Pois é. A partir desse momento a noite não foi naaaaada bem passada. Nada.
Pelos vistos elas, uma vez mais, estavam à janela quando nós atirámos os ovos – há quem goste de ver televisão, estas senhoras preferem ver janela – e reconheceram-nos. Quer dizer, não nos reconheceram bem. Passo a explicar: Segundo a senhora, eu, o filho do estofador e um outro, tínhamos andado a atirar ovos à casa dela. Ora bem, “o filho do estofador” seria o J que, como eu já vos disse, não pôde ir. Quando eu disse “o J não estava lá” aconteceu aquilo que me fez ver que me podia ter safado apenas dizendo “não faço ideia do que é que está a falar”: Ela respondeu “Estás a tentar protege-lo porque ele é teu amigo mas eu bem o vi lá contigo a atirar ovos”. Ou seja, da mesma forma que ela “viu” lá o J também podia ter “visto” que era eu. Estava escuro e lá por elas parecerem duas corujas, não quer dizer que tenham a mesma capacidade de visão noturna das mesmas.
Como devem calcular, a noite não foi nada bonita depois dos meus pais descobrirem que eu tinha andado a atirar ovos à casa das vizinhas por dois anos consecutivos. Mas desenganem-se se acham que a história fica por aqui.
Chegado o terceiro Halloween a minha mãe disse-me “como já deves estar à espera este ano ficas em casa…”. E assim foi. Fiquei todo o serão em casa, sentado no sofá, com o pc no colo e os meus pais ao lado. Todos no mesmo sofá. Quero que percebam bem que eu estava sentado no mesmo sofá que os meus pais. Os dois. Acordados. O sofá nem é muito grande, ou seja, estávamos bem apertadinhos.
Essa noite passou tranquila e sem nada de entusiasmante para contar. A parte melhor foi o que aconteceu no dia a seguir, ou não muito longe disso. A senhora foi fazer queixa à minha avó de que não tinha servido de nada ter-se queixado aos meus pais e que naquele ano eu tinha ido fazer a mesma coisa. Segundo a coruja, foi falar com a minha avó porque a tinha como uma senhora decente. Isto porquê? Porque uma vez, a minha avó tinha tocado à campainha das corujas para lhes perguntar se podia tirar uma flor do quintal delas (mas que servia de enfeite ao muro, ou seja, dava para pegar a partir do passeio) em vez de tirar sem pedir autorização. Mas ainda bem que o fez! Se tivesse tirado sem pedir autorização, o mais certo era a coruja velha ter ido chamar o filho para dar um raspanete na minha avó. Bom, adiante. Estando a par da situação toda, a minha avó disse:
- Então mas ele esteve a noite toda em casa com os pais…
- Isso eles saem de casa que os pais nem dão por nada! Nem sabem onde é que eles andam.
- Desculpe, mas a minha filha disse-me que esteve o serão todo com ele e que ele não chegou a sair de casa.
- Então se não foi ele mandou os outros irem por ele!

E aqui recomeçamos uma nova análise de fatores que envolvem a situação: Ela viu que eu estava lá e tinha toda a certeza disso. Mas afinal já não. Mas mesmo que eu não estivesse lá, eu fui sempre a grande mente maquiavélica por trás de todos os ataques terroristas direcionados à sua habitação. E, quando me vi incapaz de liderar presencialmente os bombardeamentos, passei a liderá-los à distância, dando instruções exatas aos meus lacaios sobre o que fazer para melhor efetuarem a desova pelas paredes daquela fortaleza de câmaras de vigilância retro. Um verdadeiro senhor do crime, eu. Escusado será dizer que, após toda esta performance por parte da coruja menos velha, toda a gente ficou a perceber que elas não as regulavam todas…
Mas ainda não acabou! Uma das coisas que me foi imposta como castigo pelos meus pais – a mim e ao R – foi ir à porta das senhoras pedir desculpa e perguntar se queriam ajuda para limpar os ovos. Elas recusaram. Nós oferecemo-nos para ajudar a limpar-lhes as paredes da casa e elas recusaram! (verdade se diga que aquilo mal se notava que tinha levado com ovos. Na altura mais parecia uma casa assombrada…) Porque é que eu estou a fazer tanto enfase nesta questão? Porque, no ano que se seguiu a elas terem ido a minha casa fazer queixa, aconteceu o seguinte: eu passava naquele sítio todos os dias para ir e voltar da escola. E num desses dias olhei para a janela para ver se estava lá a coruja a tomar conta da rua. E estava. E oiço as palavras amorosas “Estás a olhar para a merda que fizeste?!”. Aquelas senhoras recusaram a nossa ajuda para limpar a casa mas não foi porque nos desculparam nem nada semelhante. Foi por algum motivo retorcido que eu prefiro nem imaginar. Perante tal pergunta a minha reação foi – pasmem-se! – rir-me. Não havia muito mais a fazer. E eis que vem uma segunda enxurrada de ódio “Estás-te a rir?! Qualquer dia levas um tiro!”. Como podem ver, estas senhoras destilam ódio perante qualquer um que passe perto da sua bela mansão.

Facto engraçado: Após 3 anos consecutivos a serem bombardeadas de ovos decidiram pintar a casa. Tiveram coragem. E sorte. Ao que parece ninguém voltou a atentar-lhes a casa com ovos.


Facto engraçado nº2: Pensando bem no assunto, não sei se não houve diospiros envolvidos num dos nossos ataques…

sábado, 15 de julho de 2017

A incapacidade mental da adolescência

Hoje trago-vos o relato de um dos momentos em que senti mais vergonha na minha vida. Não estou a falar da vergonha que se sente quando se deixa cair um tabuleiro no meio do refeitório, ou de quando dão um peido em público e ele faz barulho. Não. Este é todo um novo nível de vergonha. Ora desfrutem!

Esta história aconteceu por volta dos meus catorze/quinze anos. Era novo e tonto. Mas não era novo e tonto o suficiente para desculpar o que aconteceu.
Seguia eu e dois amigos – um rapaz dois anos mais velho e uma rapariga um ano mais nova – na rua, numa tarde soalheira e agradável. Até aqui, seguíamos como jovens normais e capazes de viver em sociedade como quaisquer outros. Mas, como os leitores poderão constatar, tudo o que relatarei a partir de agora será uma enxurrada de imbecilidades umas a seguir às outras. Bem, quase tudo.
Primeiro impulsionador de toda a trama: aproximamo-nos de uma porta. A porta de uma casa, à beira do passeio, como tantas outras. Alguns leitores provavelmente já esperarão o que aí vem, os outros, provavelmente, acreditam mais no jovem eu do que deviam. Agora vou descrever os acontecimentos sem dizer quem é que fez o quê e depois dou-vos um tempinho para tentarem adivinhar a quem corresponde cada atitude. Cá vai: Um dos três decide tocar à campainha da dita porta e começar a correr, outro decide fugir junto com o primeiro e outro continua a andar naturalmente como uma pessoa normal enquanto tenta chamar os primeiros dois imbecis à razão. Agora pensem tentem adivinhar quem é que fez o quê. Aposto que acertaram. O imbecil de dezasseis/dezassete anos tocou à campainha e fugiu, o burro de catorze/quinze foi atrás porque, afinal de contas ele tinha tocado a uma campainha sem propósito e fugido, e a rapariga de treze/catorze anos deixou-se estar porque aquilo era só parvo e infantil. Para melhorar toda esta situação, sabem o que é que era moda na altura? Usar calças largas e descaídas. Calças essas que para correr davam tanto jeito como uma minissaia justa. Então lá iam dois energúmenos a tentar correr enquanto puxavam as calças para cima para conseguirem correr mais rápido depois de tocarem a uma campainha. Que figuras respeitáveis. Mas, no meio de tudo isto, onde é que está a grande vergonha de que falei inicialmente? Está no que a rapariga de treze/catorze anos nos estava a tentar dizer enquanto nós nos esforçávamos por fugir. Com todo o alvoroço, escusado será dizer que, nenhum de nós ouviu ponta de corno do que ela disse, mas, a meio do caminho, os meus olhos cruzaram-se com a génese dos chamados de atenção da sensata rapariga: a dona da casa estava a ver tudo pela varanda… E foi neste momento que me apeteceu implodir para uma qualquer outra dimensão onde pudesse desfrutar de todo o meu desconforto psicológico, sozinho e sem ser julgado pelos olhares reprovadores dos sóbrios de espírito.

Foi doloroso. O que tinha começado com uma brincadeira parva e infantil depressa se transformou num palco de vergonha e humilhação. O olhar daquela mulher a trasbordar condescendência foi fatal. Eu quase que ouvi aqueles olhos a dizerem “Coitadinhos… devem ter um atraso severo ou foram deixados cair à nascença… É a isto que o nosso futuro está entregue…”. Aquele olhar sozinho conseguiu transmitir os sentimentos da proprietária da casa de uma forma que nem palavras conseguiriam. Teria sido melhor se as calças me tivessem realmente caído. Não tinha doído tanto.

Tentem visualizar a cena completa: 3 jovens caminham no passeio, um toca à campainha e foge, outro junta-se na debandada e a rapariga fica para trás porque a dona da casa está a ver tudo. Foi a última vez que fugi depois de alguém tocar a uma campainha… pelo menos sem antes me certificar que o dono não estava algures a ver o filme todo.


As figuras que um gajo faz quando é puto…

terça-feira, 27 de junho de 2017

Um Santo com Tomates!

História engraçada que me foi dada a conhecer por Ricardo Araújo Pereira: A história de S. Lourenço. Ora bem, esta história, para quem não sabe, trata de um diácono – S. Lourenço – a quem foi pedido, pelo imperador Cornelius Saecularis, para entregar todas as riquezas da igreja. O bom do Lourenço não esteve com falinhas mansas… foi dar um passeio pela cidade, agarrou em tudo o que era gente doente e miserável e apresentou-os ao imperador “Aqui tens o tesouro da igreja… é todo teu, companheiro…”. O imperador não gostou da piada e disse “Pronto, agora vais morrer que é para não seres parvo…”. Até aqui tudo muito bem – imperador ganancioso, diácono com eles no sítio, sentença de morte ao herói da história, etc.. A parte gira começa agora: segundo reza a lenda, o S. Lourenço foi sentenciado à morte na grelha. E esta nem é a melhor parte! “Então qual é a melhor parte?” perguntam vocês em coro. É que, continua a lenda, o Lourencinho, quando estava a ser grelhado, a certo ponto chuta as suas últimas palavras: “Este lado já está! Podem virar!”.
E onde é que eu quero chegar com isto? É que isto é o melhor exemplo anti-bullying que eu alguma vez ouvi.
Pequena associação que fiz entretanto: para quem não sabe, em inglês é costume usar o termo “roast” para identificar gozo. Alguém que está a ser “roasted” está a ser gozado, está a ser humilhado. E o que é que eu pensei? Roast também significa grelhado e isto é perfeito para fazer aqui uma metáfora espetacular e mostrar o quão brilhante eu sou. Entretanto fui verificar e roast afinal significa é assado, não é grelhado… Mas vocês percebem a ideia. Adiante…
Este gajo estava, literalmente, a morrer e mesmo assim destruiu completamente aquele imperador com meia dúzia de palavras, sem que este último pudesse fazer coisa alguma para o impedir ou para se vingar.
“E qual é a relação disto com bullying?” perguntam vocês, novamente em coro. É a atitude. Se não me engano, já não é a primeira vez que refiro isto. Alguém que tenha atitude, até pode estar a levar porrada de 3 marmelos ao mesmo tempo, que é sempre ele que sai vencedor.

Mas não pensem que este tipo de coisa só acontece em lendas e contos! Vou dar-vos a conhecer algo que se deu com um amigo meu:
Como bem sabemos, as crianças são cruéis. E os adultos também. E quem está pelo meio também. Ou seja, toda a gente é cruel. E neste caso específico, havia uma rapariguinha que gostava de martirizar o jovem em questão com bocas de cariz desagradável e maldoso. Porquê? Porque sim. Tipo passatempo – da mesma forma que há putos que gostam de brincar com um yo-yo, há outros que gostam de foder o juízo aos colegas. E esta rapariga era uma das últimas. Um amor de pessoa, portanto. Como seria de esperar, o rapaz estava algo saturado da situação. Ora, falou do ocorrido em casa e a tia arranjou-lhe solução: “Vais já falar com o diretor da escola!” disse-lhe a tia… Obviamente que estou a gozar, não foi nada disso que aconteceu. Isso não teria piada e não demonstraria uma atitude muito valente perante a situação. O que a tia de facto lhe disse foi uma resposta para ele dar à querida colega numa próxima eventualidade de “elogios” gratuitos. E ele assim fez – Só para vos situar na situação, parece que a rapariga era rechonchuda e tinha Coelho como apelido – Eis que um dia a jovem começou numa enxurrada de ofensas despropositadas e a presa virou predador: 

“Cala-te coelha, esfrego-te com alho e sal, enfio-te um ramo de salsa no cu e forno contigo!”


“E o que é que ser gorda tem a ver com a resposta que ele deu?” perguntam vocês em coro uma terceira vez. É que toda a gente prefere comer um coelho com muita chichinha por onde escolher…
Escusado será dizer que a rapariga ficou sem argumentos. Comeu e calou.
Como podem ver, atitude é tudo, meus amigos. Se não forem bons a improvisar respostas afiadas, ensaiem em casa para depois brilharem na escola (ou seja lá onde for).
Gente estúpida sempre vai existir, e mais vale que nos saibamos defender do que andarmos a chorar porque as pessoas são más e não gostam de nós.
Se alguém não gostar de vocês, já sabem: Esfreguem-nos com alho e sal, enfiem-lhes um ramo de salsa no cu e forno com eles. Se eles forem espertos, a certo ponto chutam as suas últimas palavras: Aqui está quase! Podem pôr as batatas a fritar!

terça-feira, 13 de junho de 2017

Uma viagem à volta do meu nome

Afonso Luís Inácio Bonito. Provavelmente, as quatro palavrinhas que me acompanham há mais tempo na minha fabulosa vida. E adivinhem sobre o qual desses quatro nomes é que eu vou falar? Não é complicado, pois não? Claro que não. Bonito! Um nome relativamente incomum e que desperta o comediante que há dentro de cada uma das pessoas a quem eu o digo. É pena é parecer que todas as pessoas têm o mesmo comediante dentro delas. É que as piadas são sempre as mesmas… Não sei se isto é uma espécie de Truman Show em que toda a gente combinou fazer as mesmas piadas sempre que me conhecessem, tipo experiência social, ou se são todos só um tanto limitados no que toca ao humor.

- És Afonso quê? Para eu guardar aqui o teu número…
- Bonito.
- Pffff, Bonito? Devia ser era Feio!
- Piada engraçada essa… Por acaso é nova, nunca tinha ouvido…

E como esta há mais duas ou três. É que o dito humorista que parece estar dentro de toda a gente nem sequer é muito imaginativo. Só escreveu três ou quatro piadas e todas de fraco gosto. Ora confiram:

- Afonso Bonito? Devia ser era Afonso Feio! (Já referida)
- Bonito? Com essa cara?
- Quem é que te disse que eras bonito?
- Bonito só mesmo de nome…

E pronto… É isto. Agora imaginem o que é 23 anos sempre a ouvir as mesmas quatro ou cinco piadas (pode estar a escapar-me alguma) sempre que revelo o meu último nome a alguém…
E isto para não falar nos meus antepassados, que também certamente foram obsequiados com tais obras humorísticas tão rebuscadas e geniais.

E melhor do que as pessoas que fazem piadas com o meu nome, são aquelas que acham que eu estou a gozar e que digo que me chamo Bonito porque acho que isso era uma brincadeira agradável para ter com os amigos…

História verdadeira:
Estava eu a entrar para um estágio de Karate, quando à entrada me perguntam o nome:

Eu: Afonso Bonito
Marmelo: *levanta os olhos da folha onde estava a apontar os nomes e olha para mim*
Eu: J
Marmelo: Mas é mesmo?!
Eu: *com vontade de esconder a cara nas mãos desiludido com a humanidade* É!

História verdadeira dois:
Um colega de escola costumava gozar com o meu nome todos os dias. Praticamente sempre que me via fazia uma piada qualquer relativa ao meu nome. Até que me fez a pergunta mais perspicaz que alguém podia fazer:

- Mas porque é que tens Afonso Bonito no Facebook?
- Epá, se calhar porque é o meu nome, não sei…
- Ah tu chamas-te mesmo Bonito?!
- …

Já vi gajos a amarrarem uns quantos explosivos à cintura e irem para um centro comercial brincar aos foguetes por menos…

Por favor, pessoal, um bocadinho de bom senso nunca fez mal a ninguém e ainda não inventaram uma taxa para a posse do mesmo…

terça-feira, 2 de maio de 2017

A humanização de uma real besta!

Já há muito tempo que não dizia nada por aqui, mas hoje apareceu-me o motivo perfeito para quebrar o meu silêncio: A opinião do Henrique Raposo em relação à nova legislação defensora dos direitos dos animais.
Ora leiam-na aqui (para os mais lerdos, é para carregar na palavra "aqui").
Lida a opinião do senhor, vamos então ao que realmente interessa.
Analisemos a situação por pontos:

“Quem é que recebe a maior onda de indignação? O toureiro que fere um touro ou o dono do rottweiller ou pittbul que mata um bebé?”
Então mas afinal estamos a comparar humanos com animais ou humanos com humanos? É que o dono do rottweiller ou pittbul também é humano…

“O cão recebe uma campanha de compreensão na internet. As pessoas lembram-se do nome do cão assassino e não do nome do bebé assassinado. A humanização do animal (o abate é visto como um “assassínio”) causa assim a desumanização do bebé, da criança, do ser humano.”
Para o cão ainda há salvação. Que é não o matar. O cão não atacou o bebé por ter fetiches por matar bebés. Atacou-o, muito provavelmente, por uma das seguintes razões: Por algum motivo se sentiu ameaçado e a sua reação foi atacar ou tem um dono retardado que o educou de forma a que ele se tornasse violento. De qualquer das formas a culpa é do dono, visto que este é que tem que tomar uma atitude perante o tipo de cão que tem. Portanto, como podem notar, a culpa aqui é sempre de um humano.
Então e devemos matar o cão que atacou o bebé em honra da vítima? Ou seja, o abate do animal não deve ser feito para prevenir possíveis futuros ataques, mas sim porque a vítima do primeiro tem que ser vingada. É mais ou menos isso?

“Portanto, se seguíssemos esta lógica, teríamos de dizer que o abate de um cão é mais indecente do que a eutanásia de um homem em coma. Se repararem bem, já lá estamos, já vivemos nesta lógica: o ar do tempo defende a eutanásia enquanto grita histericamente contra o “assassínio” de um cão.”
Eu nem vou falar no caso da pessoa em coma porque isso é demasiado discutível para ser abordado agora. Mas obviamente que vou falar do resto! Vamos então agarrar nas duas premissas que o Raposinho arranjou:
Premissa 1: Homem quer morrer
Premissa 2: Cão não quer morrer (nenhum cão passa a ter vontade de morrer por ter atacado, ou até morto, seja lá o que for)
Segundo este intelectual, o mais acertado a fazer é obrigar um ser humano a viver uma vida miserável e tortuosa contra a sua vontade e, por outro lado, matar um animal que nenhuma consciência tem da gravidade daquilo que fez.

Humano: Acabem-me com a vida! Não me mexo da cintura para baixo, cago-me sem conseguir segurar, tenho convulsões de 3 em 3 minutos e estão a sair-me sapos das orelhas! Estou farto disto, quero morrer!
Henrique Raposo: Não, não, não, não, não! Vais aguentar isso tudo e o que estiver por vir porque a vida humana é sagrada e acabar com ela é pecado! Agora vê se dás de comer aos sapos que já não os posso ouvir…

Cão: *Abana a cauda* Béu, béu, béu, béu! *lambe-se*, *abana mais a cauda*!

Henrique Raposo: Tu vai barda merda que não és humano! Ainda por cima aposto que não acreditas em Deus!