segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Uma história para ler à noite

Após um longo serão de puro prazer em sua casa, o jovem Scott veste um casaco para ir levar a sua namorada, Emily, a casa. Eram aproximadamente três horas da manhã quando saíram de sua casa. Não se via ninguém na rua, à excepção de um carro ou outro que passava. Iam caminhando lentamente enquanto conversavam.

Finalmente chegaram a casa dela. Despediram-se com um beijo e ele observou-a a entrar em casa.

Feliz com a vida e consigo mesmo, Scott iniciou o caminho de regresso a casa. As ruas estavam silenciosas como era normal àquela hora, mas não deixava de ser um silêncio estranho… um silêncio morto. Scott sentia-se anormalmente desconfortável e assustado. Não havia qualquer sinal de vida.

Enquanto seguia caminho calhou a olhar para dentro de um carro e deparou-se com a coisa mais inesperada e macabra que podia imaginar: um cadáver ensanguentado e de olhos esbugalhados. Os olhos do defunto aparentavam estar direccionados para Scott que com o choque apenas conseguiu soltar um grito mudo e começar a correr. Nem teve tempo de tentar reconhecer o corpo. Corria desesperadamente pela rua. Esforçava-se ao máximo para não olhar para dentro dos carros, montras ou janelas, mas como acontece sempre, quanto mais tentava desviar o olhar mais olhava.

Passou rente a uma montra e teve o azar de ousar olhar para ela. Desta vez foi algo ainda pior: quando olhou apenas teve tempo de ver um segundo cadáver, desta vez parecia que tinha sido atirado contra o vidro da montra e deitava uma espuma amarela da boca. O susto foi tal que nem conseguiu segurar o grito e perdeu o equilíbrio, tendo que levar uma mão ao chão para não ir lá com a cabeça. Continuou a correr, mais assustado que um gato preso num canil cheio de cães. Corria o mais rápido que conseguia tentando não olhar para lado nenhum. Ia no passeio quando sentiu algo a bater-lhe nas costas. Gritando novamente afastou-se e viu o que o tinha atingido: um gato, também ele morto, com os olhos revirados e cauda cortada recentemente. Olhou para cima e viu a possível origem da queda do gato: uma janela do 3º andar, aberta com a cortina rasgada a esvoaçar de dentro da janela por efeito do vento. Já em puro pânico chegou à sua rua e novamente deixou os olhos escaparem para uma janela. Desta vez era a janela da casa à frente da sua, e uma vez mais lá estava, outro cadáver, a sua vizinha da frente, sra. Amanda, que conhecia desde que se lembrava de existir. O terror apoderou-se do seu corpo e a sua reacção foi correr para dentro de casa, fechar a porta o mais rápido possível, despir-se até ficar em boxers, enfiar-se na cama e pedir, a alguém “maior” que eventualmente o ouvisse, que tudo aquilo não passasse de um pesadelo.

ACORDOU. Sobressaltado, levantou-se rápido ainda na dúvida se tinha sido verdade ou apenas um sonho. Ao sair do quarto deparou-se com os pais. Um alívio, mesmo que tivesse sido real os seus pais tinham escapado. Foi tomar banho, vestiu-se, almoçou e saiu de casa. As janelas da casa da sra. Amanda estavam abertas tal como na tinha visto, mas não havia quaisquer vestígios de sangue. Ouviu a porta a abrir e sentiu um enorme peso sair-lhe de cima ao ver a sua vizinha sã e salva. Fora apenas um sonho, nada que o pudesse preocupar. Ia ter com Emily, portanto tomou o caminho habitual. Já completamente sossegado seguia caminho normalmente quando tropeçou em alguma coisa. Olhou para baixo para ver o que o tinha feito quase cair e o coração subiu-lhe à boca quando viu o que era. O gato do seu suposto sonho. Exactamente igual ao que se lembrava, com olhos revirados e cauda cortada, embora já tivesse o sangue seco. Olhou para cima e lá estava, a cortina rasgada a dançar ao sabor do vento… Para seu horror, vislumbrou ainda, atrás da cortina, um sorriso sádico e macabro esboçado por uma cara que conhecia tão bem: Emily…

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