quarta-feira, 11 de novembro de 2015

SMTUC parte 2: Uma aventura no 24T

Há já algum tempo que não vos presenteio com os maravilhosos excrementos que saem da minha imaginação fértil. E isto porquê? Porque, ultimamente, os únicos escândalos que por aí deambulam são à base de política e aldrabices. Desculpem a redundância (*Introduzir gargalhadas “britcom” aqui). Dado eu ser um leigo no que toca a tal temática, prefiro não forçar as piadas, ou ainda me sai o tiro pela culatra.
Para compensar a minha ignorância na política, posso contar uma história de autocarro que presenciei há uns dias. E então cá vai: Ia eu no SMTUC, quando o mesmo pára para apanhar uma senhora que aparentava ser algo entre “cega” e “semi-cega”. Ao entrar no autocarro, confirma se este era o correto, esperando que o condutor lhe dissesse qual era, e, ao certificar-se que se encontrava no transporte desejado, lá entrou. Dado não haver bancos vagos, a senhora acomodou-se no meio daquele matagal de gente sem incomodar ninguém. Ao presenciar a cena, uma senhora que se encontrava de pé, sugere a outra senhora que se encontrava sentada, que esta se levantasse para que a recém-chegada pudesse ir mais confortável na sua viagem (uma atitude, na minha opinião, um pouco desnecessária, dado a senhora ser cega, não coxa, e a “boa” condução de todos os “smtuquianos” põe-nos em pé de igualdade no que toca a equilíbrio dentro daqueles botes). Ouvindo a bem-intencionada sugestão, várias pessoas se levantam para dar o lugar à invisual e, passado alguma insistência, a senhora lá aceitou tomar um dos lugares. Agora vem a parte emocionante: no meio de toda a confusão, houve uma senhora que teve a triste ideia de dizer “está ali uma criança sentada”. Erro crasso. A intensão da senhora pareceu-me ser boa, mas teve uma escolha de palavras muito infeliz. Ao ouvir as amaldiçoadas palavras, a acompanhante da criança (possivelmente a avó da mesma) não se deixou ficar calada. Muito pelo contrário. “A senhora estava a dizer que está aqui uma criança? Mas a criança paga bilhete de adulto e, o motorista que está ali, sabe que picou o bilhete como qualquer outra pessoa, portanto não fale da criança porque a criança também paga bilhete (aqui pelo meio, a autora das palavras desencadeadoras da discussão, proferiu sons muito fracos parecidos com “nós também pagamos bilhete e vamos em pé”, mas aquilo pouco se ouviu. Continuando…) E vão aqui estas meninas que são jovens e também se deviam levantar (aqui dou toda a razão à senhora, visto que as ditas meninas iam nos lugares reservados a grávidas, pessoas com crianças ao colo e idosos. A senhora invisual não era nenhum dos três mas merecia mais ir num daqueles lugares do que as meninas) e não levantaram porque é que tem que ser a criança a levantar-se?!!!!” E aqui, um senhor idoso de ar reservado mas simpático que ia no lugar da frente do autocarro, diz “daqui a pouco a culpa é do gato”. Na minha opinião foi a melhor intervenção feita durante a minha pequena viagem no transporte público.

Mas a história ainda não acabou! Algumas paragens após o início da acesa troca de palavras, a criança e respetiva avó (vamos assumir que é mesmo avó) saem do autocarro. E qual é a atitude da autora do comentário polémico perante esta situação? Acertaram! Juntou-se à primeira mulher que viu com ar de quem lhe ia dar bola e começou a descarregar: “na minha opinião quem se devia levantar são os mais novos, mas isso é só o que eu penso…” E eu, que até quase que compreendia o lado da senhora, fiquei com vontade de lhe ir perguntar porque é que não tinha dito exatamente aquilo uns minutos mais cedo enquanto estava a ser enxovalhada devido ao triste comentário que tinha feito. Porque é que esperou que a sua oponente abandonasse o veículo para dizer o que tinha a dizer. É certo que o que tinha a dizer não se revelou grande argumento mas, se não o disse em sua defesa perante uma adversária implacável, mais valia manter-se bem caladinha até chegar a casa e não ir fazer figura de cobardolas à frente de meia lotação de autocarro.

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