quinta-feira, 8 de setembro de 2016

NOTÍCIA DE ÚLTIMA HORA: Eu a elogiar a Bófia!

Só pelo título já dá para perceber que algo de estranho se passou. Normalmente eu passo o tempo a criticar os desgraçados, mas não desta vez. Desta vez tenho uma palavrinha de apoio e agradecimento. Vamos saber porquê? Vamos pois!
Ontem, estava eu perto de Aveiro, na festa do S. Paio, quando decidimos ir para um bar com bom ambiente, na praia. Fomos, dançámos, bebemos, dançámos mais, empurrámo-nos uns aos outros ao chão, rimo-nos muito e foi muito giro. Até que eu, juntamente com dois amigos meus, decidimos ir até à beira mar despejar o que tínhamos estado a beber (pelo sítio certo, não foi vomitado). Lá fomos, e no meio de muita piada parva e gargalhada, quando me volto para trás sou agarrado no braço por um sujeito que eu não conhecia de lado nenhum. Deparado com tal situação, pensei “este está bêbado e está a meter-se connosco” ao que procedi a um “oh meu, larga-me” suave e amigável. Ao que a resposta do sujeito é “Tu, anda comigo” ao que respondo, ainda de forma calma, qualquer coisa como “mas vou contigo onde? Não vou nada, larga-me”. Vendo que ele continuava a insistir naquilo e agarrar-me cada vez com mais força comecei a perceber que de amigável aquele indivíduo não tinha nada. Apercebo-me entretanto que estavam mais 3 matarruanos com conversas parecidas dirigindo-se aos restantes elementos do meu grupo. Dado a falta de amabilidade dos jovens, comecei eu próprio com uma abordagem mais agressiva (tudo o que aqui está transcrito é uma aproximação da realidade visto que não me lembro das coisas com clareza) “Já te disse, larga-me. Não vou contigo a lado nenhum!”. Perante a minha reação agressiva (talvez inesperada, para eles), o rapaz soltou-me e o amigo tentou tomar conta da situação. E aqui é que vem a parte mais interessante da história: aponta-me uma pequenina pistola e manda-me ajoelhar. Apanhado de surpresa e, ainda por cima, com o raciocínio meio tolhido pelo álcool, o meu pensamento foi qualquer coisa como “mais depressa me dás um tiro do que me fazes ajoelhar”. Estúpido, eu sei, mas numa situação de pressão como esta uma pessoa nunca pensa nada de inteligente. E, dado tal pensamento, fiquei apenas a olhar para a pequena arma. Perante a minha “indiferença”, o jovem assaltante decidiu levar a ameaça para um nível ainda mais elevado: “deita-te no chão! Todos deitados no chão”. Querem tentar adivinhar a minha reação? Pois, continuei a olhar para a puta da pistola, a tentar perceber se era verdadeira e eu podia ficar com um buraco na testa a qualquer momento ou se era de água e eu podia ficar com a cara molhada a qualquer momento. O pequeno gatuno continuou sem saber como reagir à minha falta de reação. Decidiu optar por mais ameaças: “olha que eu disparo!” e foi após este momento, que uma qualquer pessoa com o raciocínio desimpedido teria percebido que aquilo era, de facto, um brinquedo: o anormal fingiu puxar a culatra da arma como quem a põe “mais pronta” para disparar. Obviamente que aquilo para mim não foi o suficiente para pensar “é falsa e tu vais sair daqui com ela enfiada no cu” e partir para a bofetada. Já farto daquele impasse do “faz isto – não faço” decidi perceber o que eles realmente queriam (lerdo): “mas o que é que vocês querem?!” ao que o gajo da pistola me responde “dinheiro” com um tom de voz forçadamente ameaçador. A minha reação a isto também não foi muito inteligente, mas tive sorte que eles, alem de serem nabos a assaltar, também eram nabos a pensar:

Eu: Não temos dinheiro (resposta de um engenho espetacular)
Assaltante da arma: De certeza?
Eu: Absoluta

E com esta conversa lá nos fomos afastando deles. Assim que nos aproximámos da festa, os nossos raciocínios em relação à arma aclararam-se e ficamos com vontade de vingança. Chamámos um 4º elemento do nosso grupo que tinha ficado na festa (para ficarmos equilibrados em número) e fomos atrás dos assaltantes chamando-os, como bons cidadãos civilizados que somos. Já bem longe de nós e numa zona mais luminosa (toda a cena anterior foi quase sem luz visto estarmos longe da festa), acharam que era boa ideia não voltarem para trás. Acabámos por desistir da nossa vendetta e voltámos para a festa. Para quem me conhece, sabe perfeitamente que eu voltei para a festa mas mais me apetecia ir atrás dos arruaceiros. E aqui, surgiu uma, estranhamente, boa ideia no seio do nosso grupo: vamos falar com as autoridades. Os primeiros a quem nos dirigimos foram os seguranças da festa que, de imediato, nos disseram que não podiam fazer nada e que tínhamos de recorrer às autoridades (nós pensávamos que eles eram as autoridades. Só depois de falarmos com eles é que percebemos que eram só seguranças). Agradecemos e fomos perguntar a uma rapariga que trabalhava no bar onde podíamos encontrar as autoridades. Ela indicou-nos o que pretendíamos e lá fomos nós procura-los. Pelo que me lembro da expressão facial do primeiro GNR a quem me dirigi aposto que o pensamento dele foi algo como “Lá vem o par de bêbados dizer merda…”. Pedi-lhe que baixasse o vidro da carrinha em que se encontrava e lá lhe expliquei a situação. Que tínhamos sido abordados por 4 jovens na praia, que tinham uma arma que achávamos ser falsa, mas ainda assim uma arma, e que eles podiam andar a fazer o mesmo a mais pessoas. Nisto, começo a ver GNR’s a aparecerem de trás dos dois ou três veículos que lá se encontravam como se fossem gatos assassinos a sair dos baldes do lixo de um beco. Dado não conseguirmos descrever bem os assaltantes, o agente que falou connosco pediu-nos para irmos para a zona onde os tínhamos visto a última vez e, caso os encontrássemos, um ficar na zona a controlar para onde eles iam, e o outro ir chamá-los (aos GNR’s) rapidamente (isto enquanto eles iam dar uma volta pela zona para o caso de os apanharem em flagrante). Assim fizemos. Poucos minutos depois de iniciarmos a procura encontramos um que me pareceu o primeiro que me agarrou na praia: boné, casaco com carapuço por cima do boné e cores de roupa semelhantes as do da praia. Eu fui chamar os agentes, enquanto o meu amigo ficou na zona a ver se eles ficavam por ali. Encontrei as autoridades, orientei-os para a zona onde estava o grupo de quem nós suspeitávamos e indiquei o sujeito que pensava (com 99.99% de certeza) ser o que me tinha agarrado na praia. Eu mal tive tempo de perceber o que estava a acontecer quando vejo um dos agentes a agarrar no badameco com um braço meio torcido atrás das costas e a levá-lo para uma parede onde o interrogaram. Naturalmente que sem certezas nossas, seria difícil apanhar os culpados, mas alguns foram interrogados enquanto um dos agentes conversava connosco na tentativa de conseguir alguma informação útil para a identificação dos assaltantes.
Como podem ver isto sou eu a elogiar o bom trabalho de GNR’s (forças de intervenção, se não me engano).

MAS!


Pode parecer mentira mas tenho mais a dizer: quero destacar a prontidão, eficácia, simpatia, compreensão e flexibilidade (no sentido figurativo. Era estúpido agora estar aqui a elogiar a boa espargata ou espetacular ponte que um dos agentes conseguia executar) que todos os agentes demonstraram perante a situação. Obviamente, tratando-se de um caso em que assaltantes andam armados (quer seja uma arma a sério ou uma imitação barata) a tentar sacar dinheiro às pessoas na festa, eles não podiam ficar indiferentes, mas a forma como trataram de todo o caso e como nos abordaram, tendo em conta a nossa falta de precisão na descrição dos sujeitos, foi deveras digno de destaque.

E convenhamos, seria um pouco hipócrita (não sei se será a palavra que melhor se aplica aqui, mas vocês vão perceber a ideia) passar o tempo a cascar nos senhores das autoridades quando os vejo a serem inúteis e não dar uma palavrinha de apreço quando os vejo a ser úteis e empenhados no seu trabalho de proteção do civil.

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