Certo doido, internado
Num hospital da cidade
Contou-me qual foi a causa
Da sua anormalidade
Sua história verdadeira
Consternado me deixou
Eis aqui, exactamente
O que o louco me contou:
-Eu um dia me casei
Por azar da minha vida
Com uma viúva, que tinha
Uma filha já crescida.
Meu pai era viúvo
De minha enteada gostou
E ficou meu enteado
Quando com ela se casou.
Então minha enteada
É minha madrasta agora
Minha mulher, ao meu pai
Ela sogra, e também nora!...
Minha mulher e a filha
Para cúmulo do sarilho
Após tempo passado
Cada uma, teve um filho!...
Minha enteada e madrasta
O seu filho… com razão
Como é filho do meu pai
É também meu irmão!...
O filho de minha esposa
É neste caso, também
Irmão de minha madrasta
E seu neto… veja bem!…
Minha mulher, do filho é tia
De minha madrasta, sou cunhado
Meu pai, é tio do neto
Porque é meu enteado!...
O meu filho, é cunhado
Do meu pai… que confusão!
E o filho do meu pai
É meu neto… e meu irmão!...
Depois de tanto pensar
De como a coisa ficou
Eu cheguei à conclusão
Que até de mim… sou avô!...
Não pude mais suportar
Este caso complicado
Vim parar ao hospital
Completamente chalado.
E o louco terminou
A sua história, e contudo
Nunca deixei de pensar
No seu caso tão bicudo
Depois de ouvir a história
Eu cheguei à conclusão
Que por casos mais pequenos
Muitos perdem a razão!...
Não sei quem foi o autor deste poema, mas com certeza um génio ou um louco… ou os dois (afinal de contas a genialidade e a loucura não andam muito distantes uma da outra). Não é qualquer um que consegue, em rima, provar que podemos ser avôs de nós próprios.
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